Nos últimos dias, um tuíte de Dom Roberto Lückert, Arcebispo de Coro, tornou-se viral logo depois que foi obrigado a pedir remédios através da rede social para ser tratado de sua doença, pois a grave crise econômica fez com que acontecesse 80 por cento de falhas no abastecimento de medicamentos.

Na Venezuela “as pessoas estão morrendo por falta de medicamentos”, denunciou o Prelado em declarações ao Grupo ACI. O Arcebispo teve alta no sábado passado e utilizou as redes sociais do Twitter e do Facebook para conseguir “um medicamento anticonvulsivo que preciso. Graças a Deus o conseguimos através de uns amigos, mas não podemos encontrá-lo em todas as farmácias”.

Acerca da sua saúde, indicou: “Tive um acidente por meio do qual perdi a consciência e tive que vir ao médico (na quarta-feira) para que analisassem o que estava acontecendo”. Indicou que ao parecer “foi uma medicação que me deram, a qual diminuiu a minha frequência cardíaca, mas graças a Deus já estou bem. Amanhã tenho outro exame”.

Entretanto, denunciou que a população está desesperada pela falta de remédios e pela má distribuição de recursos na área de saúde. “No caso de Coro, no estado de Falcón, nestes 17 anos, com toda a quantidade de dólares que entrou, não há nenhuma cama nova no hospital”.

“Não fizeram nada, o governo não soube aproveitar a bonança petroleira, então agora temos esta crise que não vai ser resolvida em quinze dias. Isto permanecerá por um bom tempo”, indicou.

“As pessoas estão morrendo por falta de medicamentos”, insistiu. “Não encontramos os anticonvulsivos, as pessoas com pressão alta estão morrendo porque não conseguem os remédios para controlar a pressão. Então, o governo sempre inventa mentiras para que as pessoas no paús ou no exterior acreditem que este é o mar da felicidade cubana”.

Por isso, criticou que quando eleva a voz e denuncia a escassez, o governo “me manda tirar a batina e que forme um partido político. Para dizer isto não preciso tirar a batina. Aqui em Maracaibo, segunda cidade mais importante da Venezuela, não encontramos anticonvulsivos nas farmácias”.

Ante esta situação, o Prelado exortou ao governo de Nicolás Maduro “a parar e analisar a realidade do país e deixem de converter o Congresso em uma rinha de galo”.

“A nova oposição, que são os chavistas, não entenderam que perderam as eleições (parlamentares) e que mais de 50 por cento do país está pedindo uma mudança. Eles não querem entender que deixaram de ser poder no Congresso e que o Congresso da República não é um apêndice do Executivo”, expressou.

Segundo a Federação Farmacêutica venezuelana, há 80 por cento de escassez de remédios no país. Isto motivou que na sexta-feira, 26 de fevereiro, milhares de pessoas se mobilizassem em diversas cidades, a fim de protestar pela falta de medidas do governo.

Em declarações recolhidas pela imprensa local, o titular da Federação Farmacêutica, Freddy Cevallos, pediu ao defensor Tareck William Saab que interceda a fim de que Maduro aceite a ajuda humanitária oferecida pela Assembleia Nacional há um mês, assim como a ajuda que a Organização Mundial da Saúde ofereceu.

Por sua parte, em janeiro deste ano, o deputado Carlos Valero disse à imprensa que no país falta 70 por cento dos 150 medicamentos estabelecidos pela OMS como de acesso obrigatório. Isto faz com que de cada dez medicamentos somente dois possam ser conseguidos.

Venezuela, o país com as maiores reservas petroleiras do mundo, sofre uma grave crise econômica e no ano passado alcançou o nível de inflação mais alto do mundo com 180 por cento, gerando também escassez de alimentos e outros produtos básicos.

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