Pe. Francesco Cereda, Vigário do Reitor-Mor dos Salesianos – Pe. Ángel Fernández Artime –, disse ao Grupo ACI que confiam “que há muitas possibilidades para a libertação do Pe. Tom Uzhunnalil”, sequestrado na última sexta-feira depois do ataque ao convento das Missionárias da Caridade em Áden (Iêmen), onde assassinaram quatro religiosas.

 

Pe. Cereda indicou que “é difícil compreender por que levaram o Pe. Tom como prisioneiro. Isto pode ser considerado como resquícios de esperança em meio de uma situação particularmente sombria, pois, se quisessem matá-lo, poderiam ter feito junto com os outros 16”.

O sacerdote também disse que o governo central da Índia, através do Ministério de Assuntos Exteriores, está investigando o caso; e que as autoridades do estado de Kerala, onde nasceu o sacerdote, além da Conferência Episcopal, estão seguindo o caso.

“Acreditamos que todos estes esforços não serão em vão. Entretanto, na sociedade tão fragmentada do Iêmen, as negociações serão complicadas e não podemos prognosticar quando conseguiremos a libertação do Pe. Tom”.

“Estamos oferecendo orações pela sua libertação em todos os lugares salesianos do mundo”, prosseguiu o Pe. Cereda.

O caos social do Iêmen e os missionários salesianos

Os salesianos são responsáveis pela chamada Missão do Iêmen desde 1997. Antigamente, esta fazia parte do Vicariato Apostólico de Áden, estabelecido pelo Papa Leão XIII em 1885. Os salesianos são os únicos sacerdotes católicos que trabalham na região e estão presentes em quatro cidades do Iêmen: na capital Sana, Áden, Holeida e Taiz.

“Os salesianos estavam presentes neste local a fim de atender as necessidades espirituais e sacramentais da grande quantidade de imigrantes católicos da Índia, das Filipinas e em todas as partes… Sua presença era também um grande apoio para as Missionárias da Caridade”, comentou o Pe. Cereda ao Grupo ACI.

Entretanto, o diálogo com as outras confissões religiosas era difícil. “Portanto, os salesianos limitaram seus serviços principalmente às instituições nas quais trabalhavam as irmãs e para a população católica migrante”, precisou o Vigário.

Depois da chamada “primavera Árabe” de 2011, a população iemenita se levantou contra o presidente Abdallah Saleh. Isto fez com que a situação se tornasse difícil e caótica.

Desde 2015, Iêmen está imerso em uma guerra civil causada pelo conflito entre duas facções que reclamavam o governo. Além disso, o país é terreno de operações para os terroristas da Al Qaeda e do Estado Islâmico.

Os salesianos, entre eles o Pe. Uzhunnalil, decidiram permanecer no Iêmen apesar das advertências do governo da Índia que fechou sua embaixada no país e ajudou milhares de compatriotas a retornar.

Em declarações a um jornal local, o advogado Kunjaugusty, primo do sacerdote sequestrado, indicou que ele “havia ido ao Iêmen para fazer trabalhos de caridade. Essa era sua vocação. Ele é uma pessoa que não se intimidava pelas ameaças dos terroristas”.

Kunjaugusty acrescentou que seu primo era missionário no Iêmen há quatro anos e que quando a situação piorou teve que tomar precauções. Por exemplo, quando ia celebrar Missa, tinha que estar acompanhado pelos guardas.

Em setembro do ano passado, um grupo de extremistas da Al Qaeda incendiou a igreja da Sagrada Família, em Áden, onde ele vivia. Depois deste ataque, o Pe. Tom Uzhunnalil se mudou ao albergue das Missionárias da Caridade, onde permaneceu até a última sexta-feira.

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