O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Arcebipo da capital brasileira, Dom Sérgio da Rocha, voltou a afirmar a posição contrária ao aborto de bebês com microcefalia e a favor da valorização da vida, frente às propostas de descriminalização do aborto por conta da malformação que poderia ser causada pela epidemia de Zika vírus.

“O aborto não é resposta para o vírus Zika, nós precisamos valorizar a vida em qualquer situação ou condição que ela esteja”, disse o Prelado na quarta-feira, 10, durante o lançamento da Campanha da Fraternidade 2016, em Brasília, conforme assinalou o site da Agência Brasil.

Na última sexta-feira, 5, o comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, recomendou que os governos de países com registros de Zika flexibilizem as leis a fim de autorizar o aborto nos casos de microcefalia.  

Ontem, ao refutar tal proposta, o Arcebispo de Brasília ressaltou que “menos qualidade de vida não significa menor direito a viver ou menos dignidade humana”.

Neste ano, a Campanha da Fraternidade tem como tema “Casa comum, nossa responsabilidade” e lema “Quero ver o direito brotar como fonte e a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24), com foco na questão do saneamento básico.

Dom Sérgio destacou que “a falta de saneamento básico está ligada à proliferação do mosquito (Aedes Aegypti, transmissor de Zika, dengue e chikungunya)”.

“Infelizmente, a nossa casa comum está sendo assolada pelo mosquito transmissor de doenças e nossa família comum está sofrendo e morrendo por causa das enfermidades”, acrescentou.

O presidente da CNBB afirmou ser necessário um trabalho “sério e continuado” do poder público, que não se limite a abordar o assunto em um “momento de emergência”. Para ele, o combate ao Zika vírus deve ser feito ao mesmo tempo que a outras enfermidades causadas pelo mosquito Aedes Aegypti.

“E que isso seja feito mobilizando a população com medidas preventivas e campanhas educativas, mas sobretudo com o empenho do poder público”, completou.