O Papa Francisco recebeu na segunda-feira em audiência mais de cinco mil religiosos e religiosas que estão em Roma para a semana conclusiva do Ano da Vida Consagrada. Deixando de lado o discurso oficial, o Pontífice improvisou umas palavras para convidá-los a praticar a “proximidade” com os outros, deu-lhes um conselho ante a crise de vocações e os exortou a não se converter em “terroristas” dentro de suas próprias comunidades.

Na Sala Paulo VI, o Santo Padre recordou aos consagrados e consagradas que seu chamado não é “para afastar-se das pessoas e viver uma vida cômoda”, mas “para, próximo das pessoas, compreender a vida dos cristãos e dos não cristãos, os sofrimentos, os problemas”, ou seja, fazer-se “próximos” dos outros, inclusive se forem religiosos de clausura, tal como fazia Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, que com seu coração ardente era sempre próxima dos outros.

“Ser consagrado não significa subir os degraus da sociedade”, indicou o Papa. “A vida consagrada deve conduzir à proximidade com as pessoas, proximidade física, espiritual, conhecer as pessoas”, em especial com os religiosos idosos, este é o seu primeiro próximo.

Entretanto, advertiu que existe uma prática que pode fazer de um religioso um “terrorista”, esta é “a intriga”.

“O terrorismo das fofocas é uma maneira de distanciar os irmãos e irmãs da comunidade”, disse o Pontífice. “Quem fofoca é um terrorista dentro da própria comunidade, porque joga a palavra como uma bomba contra este e contra aquele e depois fica tranquilo. Destrói! Quem faz isto destrói, como uma bomba, e se afasta”, expressou.

Nesse sentido, recordou que o apóstolo Santiago dizia que a virtude mais difícil é “dominar a língua”. “Se algum irmão pretende dizer algo contra outro, lançar uma bomba de intrigas, domina a tua língua! Não façam terrorismo dentro da comunidade!”, insistiu.

O Santo Padre indicou que se um irmão tiver um defeito, deve lhe dizer ou procurar uma pessoa que possa ajudá-lo. “Entenderam? Não gerem intrigas”, assinalou o Pontífice que pediu que os religiosos se expressem com liberdade e transparência, não às ocultas, aos seus superiores e demais irmãos.

Em seguida, o Papa citou o exemplo de Santa Teresinha do Menino Jesus, que “nunca, nunca reclamou do trabalho, ou daquela irmã que a incomodava, pois tinha que levá-la ao refeitório todas as noites: do coral até o refeitório. Nunca reclamou! Porque aquela pobre irmã era muito idosa, quase paralítica, mal conseguia andar, tinha dores – eu a compreendo! –, e também era um pouco neurótica”.

“Nunca, nunca foi procurar outra irmã para reclamar: ‘Como ela me incomoda!’ Muito pelo contrário, ela a ajudava, servia, servia o seu pão e sorria para ela. Isto se chamava proximidade. Proximidade! Se você jogar a bomba de uma intriga em sua comunidade, esta não é proximidade: isto não é proximidade, mas fazer guerra. É provocar distâncias, anarquia na comunidade”, advertiu.

Nesse sentido, Francisco assegurou que, “se no Ano da Misericórdia vocês não se comportarem como um terrorista fofoqueiro ou fofoqueira, será um sucesso para a Igreja, um sucesso de santidade grande”.

O Ano da Vida Consagrada será finalizado hoje com uma Missa na Basílica de São Pedro, presidida pelo Papa Francisco.

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