O Papa Francisco aprovou o milagre atribuído à intercessão do Beato Giuseppe Gabriele del Rosário Brochero, conhecido como “Padre Brochero”, nascido em 16 de março de 1840 e morreu no dia 26 de janeiro de 1914. Ele seria o segundo argentino a ser canonizado, o primeiro foi Héctor Valdivielso Sáez, assassinado na Espanha por ódio à fé durante a Revolução de Astúrias, prévia a Guerra Civil Espanhola.

Foi o que informou hoje o Vaticano através de um comunicado no qual também divulgou a promulgação de outros decretos para as causas dos Santos, aprovadas na última quinta-feira pelo Pontífice, ao receber o Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, em audiência privada.

Em declarações ao Grupo ACI, Dom Santiago Olivera, Bispo da Diocese de Cruz, na província de Córdoba (Argentina) e responsável pela causa de canonização do Padre Brochero assinala: “Supomos que a canonização será em Roma”.

“Agora temos a alegria do decreto que a Congregação para a Causa dos Santos comunica, o qual reconhece um milagre pela intercessão do Beato Giuseppe Gabriele”, acrescenta.

O milagre foi aprovado em setembro do ano passado pela comissão de sete médicos da Pontifícia Congregação para as Causas dos Santos.

A junta médica validou a cura e recuperação sem explicação científica de Camila Brusotti, em San Juan (Argentina). A menina ficou à beira da morte depois de ser espancada.

“Graças a Deus, quero lhes comunicar que o milagre já passou da ciência e da junta médica e o Padre Brochero poderá ser proclamado Santo”, confirmou então de Roma o Bispo de Cruz del Eje e vice postulador da causa do sacerdote, Dom Santiago Olivera.

O pioneiro das periferias

Giuseppe Gabriele del Rosário Brochero nasceu no dia 16 de março de 1840, em Carreta Quemada, perto de Santa Rosa de Primero Rio, na região norte de Córdoba (Argentina). Em 4 de novembro de 1866 foi ordenado sacerdote.

Depois de desempenhar seu ministério sacerdotal na catedral de Córdoba e servir como prefeito de estudos do Colégio seminário Nossa Senhora de Loreto, em 19 de novembro de 1869, foi eleito vigário do departamento San Alberto, local com cerca de 10 mil habitantes. Desde então, permaneceu em Villa del Transito, a localidade que desde 1916 leva seu nome.

Alguns anos depois, o Pe. Brochero teve um papel ativo na epidemia de cólera que atingiu a cidade de Córdoba. “Ajudava os doentes, oferecendo consolo. Este foi um dos períodos mais exemplares, mais perigosos, mais fatigantes e heroicos de sua vida”, assinalou seu amigo Ramón J. Cárcano.

Morreu cego, padecendo de lepra. “Morreu da mesma forma na qual viveu, com muita humildade e simplicidade”, afirmou o Pe. Guido Ricotti, atual pároco de Vila Cura Brochero.

O Padre Brochero foi declarado venerável em fevereiro de 2004 por São João Paulo II. Em 20 de dezembro de 2012, Bento XVI assinou o decreto que reconhecia o milagre atribuído a sua intercessão.

Foi beatificado no dia 14 de setembro de 2013 na Vila Cura Brochero, na cidade de Córdoba (Argentina), em uma Missa multitudinária presidida pelo Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

Por ocasião deste acontecimento, o Papa Francisco enviou uma carta (2013) aos argentinos, destacando que “o Padre Brochero tem a atualidade do Evangelho, é um pioneiro em sair às periferias geográficas e existenciais para levar a todos o amor, a misericórdia de Deus”.

“Não ficou no âmbito paroquial, percorreu dezenas de quilômetros a cavalo e acabou adoecendo de lepra, com o objetivo de procurar as pessoas, como um sacerdote guia de ruas da fé”, ressaltou o Pontífice.

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