Hyeon Soo Lim, 60 anos, é um pastor protestante canadense, de ascendência sul-coreana, que há quase duas décadas realiza trabalho humanitário na Coreia do Norte. Atualmente, ele se encontra neste país, mas não fazendo aquilo que costumava, e sim como um prisioneiro condenado à prisão perpétua com trabalhos forçados por alegadamente ter praticado “atos contra o Estado”.

Responsável pela Korean Presbyterian Church, Soo Lim, foi condenado à prisão perpétua pelo Supremo Tribunal da Coreia do Norte em dezembro. Segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) de Portugal, soube-se agora que Hyeon é obrigado a cavar buracos em um pomar, durante oito horas por dia.

Além disso, este cristão não tem acesso aos outros detidos no campo de concentração onde se encontra, e também lhe foi recusado, até ao momento, ter acesso, como solicitou, a um simples exemplar da Bíblia.

Soo Lim, que ostenta agora como identificação o número “036”, tem graves problemas de saúde, como pressão arterial alta, conforme revelaram membros da igreja no Canadá, os quais expressaram a preocupação com as notícias sobre a prisão do pastor e a condenação a trabalhos forçados.

Ele está preso desde janeiro do ano passado, quando viajou até a Coreia do Norte para realizar trabalhos humanitários. Antes da detenção, havia realizado centenas de visitas, onde promoveu a construção de um orfanato e de lares de idosos.

A condenação à prisão perpétua de Soo Lim ocorreu depois que ele alegadamente “confessou” o seu “crime”. Em uma entrevista coletiva em julho de 2015, ele confessou a sua participação numa campanha “subversiva” contra este país, pretendendo “derrubar o governo” e a criação um “estado religioso”.

Na época, ainda sem informações sobre as condições em que o pastor se encontrava detido, seus familiares divulgaram comunicado, no qual reafirmaram todo o empenho de Hyeon ao longo destes anos no trabalho “para a melhoria” das condições de vida do povo coreano. 

De acordo com a AIS-Portugal, vários cristãos têm sido detidos na Coreia do Norte nos últimos tempos, quase sempre sob a acusação de conspiração contra o regime de Pyongyang.

No caso mais recente, conhecido apenas esta semana, o regime prendeu um cidadão norte-americano identificado como Kim Dong Chul.

A Fundação Pontifícia também deu conta, no final de março do ano passado, da prisão de outros dois cristãos, chamados de “espiões sul-coreanos”, que atuavam no país e sobre os quais recaíam acusações de propaganda contra o regime e de roubo de segredos de Estado.

Um dos acusados, Kim Kuk-gi, de 60 anos, era visado diretamente por “espalhar propaganda religiosa em igreja clandestina” na Coreia do Norte.

O outro, Choe Chun-il, de 55 anos, pertenceria, alegadamente, “a uma rede de espionagem sul-coreana”, baseada na cidade chinesa de Dandong, perto da fronteira com a Coreia do Norte.

Da mesma forma, o missionário sul-coreano Kim Jeong-wook se encontra em prisão norte-coreana, acusado de espionagem e condenado em outubro de 2013 a trabalhos forçados.

Jeong-wook procurava dar abrigo e alimentos a norte-coreanos que tentavam abandonar o país pela fronteira com a China.

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