O analista de meios de comunicação, Tim Graham, informou que a rede televisiva ABC e The Washington Post realizaram uma pesquisa em que 81 por cento dos católicos nos Estados Unidos aprova a eleição do Papa Bento XVI.

Entretanto, indicou Graham, "ambos meios decidiram não publicar os resultados da mesma em primeira página. Em vez disso, decidiram mostrar outra pesquisa em que 66 por cento de americanos não deseja que as regras de ética do Senado sejam modificadas".

Graham, diretor da seção de análise do Centro de Pesquisa de meios de comunicação com sede nos EUA, indicou que The Washington Post publicou em primeira página a notícia do senado na terça-feira, 25 de abril. Nessa edição também publicou a pesquisa favorável à eleição do Santo Padre, mas o fez na página A11.

Também destacou que o noticiário World News Tonight da rede ABC de televisão deu a primeira página de seu programa à nota dos filibusteros na segunda-feira 24 de abril e não mencionou a pesquisa do Papa. Em lugar disso, um dos apresentadores do programa comentou brevemente a eleição. O programa Good Morning America –também da ABC– apresentou de maneira similar a pesquisa nesse mesmo dia.

Segundo Graham, a pobre cobertura da pesquisa está relacionada com a "tendência reacionária da mídia" logo depois da eleição de Bento XVI.

"Pudemos observar uma cobertura permanente antes, durante e depois do Conclave sobre as angústias que um Papa conservador produziria nos americanos", comentou o analista e acrescentou que "de fato, as redes televisivas liberais têm feito o possível para que os católicos do país pensem que o Cardeal Ratzinger é um temível ‘ultraconservador’, um ‘extremista’ e inclusive o ‘rotweiller de Deus’".

Em relação a este ultimo apelativo, Graham explicou que foi usado por diversos meios durante as últimas semanas para referir-se ao novo Pontífice. Além disso, descobriu que esta expressão não existia na base de dados Nexis –uma das maiores bases de dados do mundo– até o dia 4 de abril, dois dias depois da morte de João Paulo II, com o que se descarta a tese do jornal The Daily News que indicava que tinha sido cunhado por um cardeal italiano oposto ao Cardeal Ratzinger antes do Conclave..

"(O termo) Começou a ser utilizado em um jornal australiano, em seguida pela agência France Presse e o New York Daily em 15 de abril. Transmitiu-se velozmente a muitos outros meios que queriam mostrar o Papa como um vilão de filme alemão".

"Os repórteres investigaram por acaso se tal frase vinha do interior da Igreja –como afirmavam– ou foi criado na redação de notícias de algum jornal?", questionou.

"O apelido era bom demais para se verificar", acrescentou, dando a entender que, em ocasiões, alguns meios não consideram a veracidade dos fatos a fim de vender um produto.