O escritório do Comissariado anti-discriminação na Tasmânia, Austrália, iniciou uma investigação contra o Arcebispo de Hobart, Dom Julian Charles Porteous, por ter distribuído um folheto dos Bispos Católicos da Austrália que defende o matrimônio entre um homem e uma mulher. Ele é acusado de humilhar e insultar os homossexuais no texto, dirigido a alunos católicos.

O folheto, uma carta pastoral titulada “Não se metam com o matrimônio” (“Don’t mess with marriage”), foi difundido em meados do 2015, e ensina que “o matrimônio é o acordo de um homem e uma mulher para viver como marido e mulher, de forma exclusiva e por toda a vida, e abertos à procriação de filhos”.

O matrimônio para a lei australiana é “a união de um homem e uma mulher”. Entretanto, diversos políticos anunciaram intenções de buscar a aprovação do mal chamado “matrimônio gay” depois das eleições federais previstas para 2016.

Martine Delaney, ativista transexual e candidato a deputado, apresentou uma queixa ao Comissariado Anti-discriminação da Austrália. Este, à sua vez, confirmou que realizaria uma investigação contra o arcebispo.

Em declarações à imprensa local, Delaney qualificou o folheto como ofensivo, humilhante e insultante, e pediu que as autoridades da Igreja peçam desculpas e que o sistema educativo católico “se envolva na conscientização LGBTI (lésbicas, gay, bissexuais, transexuais e intersexuais) dos estudantes”.

Contrário às acusações do ativista transexual, a carta pastoral de Dom Porteous indica que “a Igreja Católica se opõe a todas as formas de discriminação injusta”, e recorda que “todo homem, mulher e criança tem grande dignidade e valor que nunca podem ser arrebatados. Isto inclui quem experimenta atração pelo mesmo sexo”.

“Eles devem ser tratados com respeito, sensibilidade e amor”, assinala o mesmo folheto criticado por Delaney.

Simon Breheny, diretor do Instituto de Assuntos Públicos da Austrália, criticou a acusação do transexual australiano e destacou que o folheto “é um manifesto razoável do ensino católico expresso em um tom moderado”.

“Se a Igreja Católica não pode distribuir um folheto sobre ensino católico aos católicos, a quem a poderá distribuir?”, questionou.

O Arcebispo de Hobart publicou um comunicado no dia 13 de novembro, explicando que ao publicar a carta pastoral “não foi minha intenção ofender, mas expressar o ensino da Igreja”, como líder eclesiástico na Tasmânia.

“Lamento que este tenha sido interpretado como uma ofensa por alguns indivíduos e trabalharei com a comissão para resolver este assunto”, assinalou.