Foi divulgada na terça-feira, 15, a lista dos participantes da XIV Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos. Entre os nomes, estão onze brasileiros. Alguns deles chamaram atenção por seus posicionamentos dissidentes, como o pastor Walter Altmann, do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), conhecido como representante luterano da teologia marxista da libertação.

Em artigo da revista FrontPage, traduzido e disponível no site do blogueiro cristão pró-vida, Julio Severo, Altmann é indicado como o “maior líder luterano da Teologia da Libertação”.

Tal teologia já foi condenada pela Santa Sé, que abordou esta questão em dois pronunciamentos oficiais: a Instrução Libertatis nuntius sobre alguns aspectos da teologia da libertação (Congregação para a Doutrina da Fé, 6 de agosto de 1984) e a Instrução Libertatis conscientia sobre liberdade cristã e libertação (Congregação para a Doutrina da Fé, 22 de março de 1986).

O artigo no blog de Severo assinala que o membro do CMI “presumivelmente representa alguns esquerdistas protestantes da Europa e EUA que ainda sonham com a luta de classes”. Além disso, ao afirmar que a Teologia da Libertação foi vista como o futuro por “elites protestantes, educadas em universidades da Europa e dos EUA”, o texto observa que: “Algumas dessas elites ainda sobrevivem, muitas delas em cargos em instituições ocidentais de ensino ou agarradas a cargos em decadentes organizações protestantes, como o Rev. Altmann”.

Em 2009, por ocasião dos 20 anos da queda do Muro de Berlim, Altmann escreveu um artigo intitulado “Teologia da Libertação está viva e com saúde”. No texto ele defende que, com a queda do muro, críticos “se precipitaram a declarar a morte da teologia da libertação. A maioria o fez porque viu nela apenas uma apologia do socialismo do caduco estilo soviético. No entanto, esse certificado de morte parece ter sido emitido prematuramente”.

O luterano aponta, no mesmo artigo, que a Teologia da Libertação “ajuda a configurar os esforços políticos latino-americanos dirigidos ao estabelecimento de um modelo de democracia que supere a pobreza e as injustiças sociais”. Segundo escreve, “vários presidentes latino-americanos – Lula da Silva no Brasil, Morales na Bolívia, Correa no Equador, Ortega na Nicarágua e Lugo no Paraguai – tiveram, de diferentes maneiras, contato com comunidades cristãs de base e teólogos da libertação”.

Mais posturas questionáveis entre os brasileiros

Na lista dos brasileiros que vão para o Sínodo, outro nome é o de Frei Antônio Moser, O.F.M., Professor emérito de Teologia Moral e Ética no Instituto Teológico Franciscano, de Petrópolis (RJ), que foi nomeado colaborador do Secretário especial.

Em recente artigo intitulado “Família ou famílias: Mais interrogações do que respostas”, o franciscano chama atenção para o contexto do Sínodo dos Bispos e considera “que os temas mais candentes remetem para homens e mulheres que não contraem vínculo oficial, nem civil nem religioso: divorciados, recasados, uniões homoafetivas, batismo de filhos que nascem fora do contexto considerado ideal, batismo de filhos de divorciados, de recasados, de casais homoafetivos...”.

Após sua nomeação, Frei Moser declarou ao site Franciscanos, da província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que acredita ter sido convidado devido a seus escritos sobre sexualidade e família. No entanto, o sacerdote parece expressar certa abertura aos novos tipos de da família afirmando que os mesmos devem ser acolhidos pela Igreja.

Questionado sobre o conceito de família na atualidade e propostas de famílias alternativas oriundas da ideologia de gênero, Moser expressou consideração à existência de certa “diversidade de situações, resultantes de coordenadas culturais e históricas”. “O mosaico mais rico é o que comporta a maior diversidade harmonicamente conjugada”, afirmou o Frade sem deixar claro quais seriam as novas formas de família que estariam presentes no mosaico e como a Igreja deveria acolhê-las para haja harmonia. 

“No Sínodo extraordinário do ano passado esta diversidade veio com frequência à tona. Haja vista culturas que convivem com a poligamia, outras que se defrontam com famílias resultantes de diversas separações e diversas uniões…. Hoje, em certos setores da sociedade se tende a considerar como família também uniões homoafetivas, que por vezes reivindicam a condição de ‘matrimônio’. Trata-se de acolher estas pessoas e uniões como elas são, como ponto de partida, e não como ponto de chegada. Em todas as situações o que importa é que as pessoas possam conhecer o amor de Deus através da compreensão e do amor concreto dos irmãos e irmãs”, disse Fr. Moser na mencionada entrevista.

Outro nome novo na lista é o do Arcebispo de Manaus (AM), Dom Sérgio Eduardo Castriani, nomeado pelo Papa Francisco. Ele falará sobre abuso sexual de crianças, o tráfico de pessoas e desaparecimento de crianças. Dom Castriani foi presidente da Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial e atualmente faz parte da Comissão Episcopal para a Amazônia. Ele possui mais de 35 anos de experiência missionária atuando com as famílias ribeirinhas na região amazônica.

Um comentário do prelado que suscita críticas, especialmente após atitudes de membros do movimento LGBT na parada gay de São Paulo deste ano, quando homossexuais vilipendiaram símbolos cristãos encenando uma crucifixão de uma transexual e colocaram cruzes na cavidade anal de outros gays, é uma declaração ao site acrítica.com após o Sínodo Extraordinário de 2014. O bispo dizia: “Hoje a igreja esta (sic) trabalhando para que não haja preconceitos, pré-julgamento ao homossexualismo que também é uma condição humana, muito diversificada. Muitas vezes a gente classifica os homossexuais com muita facilidade, a realidade homossexual é muito diversa, muito plural, são pessoas de boa vontade, são pessoas sérias que querem levar uma vida digna”.

Entre os Bispos brasileiros convocados para o Sínodo estão nomes que já haviam sido divulgados anteriormente, reconhecidos na luta em defesa da família. Como Presidente-Delegado, foi nomeado o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida (SP) e ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Como escolhidos pela CNBB, estão: Dom Sérgio da Rocha, Arcebispo de Brasília e CNBB; Dom João Carlos Petrini, Bispo de Camaçari (BA), ex-presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, função na qual deu impulso a iniciativas como a Semana Nacional da Família e a Semana Nacional da Vida; Dom Geraldo Lyrio Rocha, Arcebispo de Mariana (MG), e também ex-presidente da CNBB; Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo (SP), que defendeu enfaticamente a família e os valores após esses serem atacados durante a Parada Gay da capital paulista

Como leigos do Brasil, participará do Sínodo o casal Sra. Ketty Abaroa de Rezende e Dr. Pedro Jussieu de Rezende, Docentes na Universidade Estadual de Campinas, engajados na pastoral sobre os desafios familiares, que serão auditores. Já o sacerdote Tiago Gurgel do Vale, da Arquidiocese de São Paulo, será assistente.

O Sínodo acontecerá entre os dias 4 e 25 de outubro, no Vaticano, e abordará o tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.