Logo depois da aprovação no Parlamento espanhol de uma lei que equipara as uniões homossexuais ao matrimônio e que também permite a adoção de menores, o Arcebispo de Gênova, Cardeal Tarcisio Bertone, opinou que o Presidente do Governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, mostrou-se muito impulsivo em seu afã de "dar uma bofetada na Igreja".

Em uma entrevista publicada pelo ABC de Madri, o ex-secretário da Congregação para a Doutrina da Fé disse acreditar que "Zapatero mostrou-se muito apressado e impulsivo, em seu afã de dar uma bofetada na Igreja".

"Deveria ter refletido um pouco mais. Parecia que se iniciou um diálogo entre o Governo espanhol e a Igreja, depois da eleição de Dom Blázquez à frente da Conferência Episcopal", disse o Cardeal.

Segundo o ex-colaborador do então Cardeal Joseph Ratzinger no dicastério vaticano, "Zapatero, sem perder um minuto, preferiu consumar uma promessa eleitoral muito discutível. Certas promessas eleitorais me parecem tão perigosas como a promessa de Herodes".

O autor do artigo do ABC fez um paralelo entre o que ocorre na Espanha com a passagem bíblica de Herodes e Salomé. "Depois de ver excitado a sua enteada (e sobrinha) Salomé dançar, Herodes Antipas lhe disse: ‘peça-me o que quiser, que te darei’. E acrescentou sob juramento: ‘Dar-te-ei o que me pedir, embora seja a metade de meu reino’", indicou o jornal.

Segundo o autor da nota, "há governantes veleidosos que, a fim de arrecadar uns quantos votos, são capazes de dar de presente um reino que nem sequer lhes pertence. Não creio que, chegado o momento, estes governantes tenham incômodo em oferecer em uma bandeja a cabeça da Igreja, para manter-se no trono".