A Dra. Daniela Simón, responsável pelo conselho médico do hospital de Reims (França), informou ontem a decisão de não suspender o tratamento que mantém vivo Vincent Lambert e que continuará sua alimentação e hidratação; desta maneira, não será praticada a eutanásia no paciente.

Lambert ficou tetraplégico por causa de um acidente de moto em 2008. Em 2013 os médicos do hospital de Reims sugeriram à família suspender o tratamento, pois consideravam seu estado de saúde irreversível.

Esta posição foi apoiada pela esposa, Rachel Lambert, e seis dos seus oito irmãos, e pediram ao tribunal a permissão para desconectar o paciente. Entretanto, seus pais – católicos praticantes – e seus outros dois irmãos se opuseram.

A eutanásia é ilegal na França, mas uma lei de 2005 permite pôr fim à vida das pessoas dentro de um marco muito preciso. Atualmente este tema está em debate na Câmara de Deputados, pois um setor procura legalizar esta prática no país.

Em declarações ao Grupo ACI em junho deste ano, a mãe de Vincent, Viviane Lambert denunciou: “O governo e os médicos do meu filho querem desconectá-lo, porque querem que seja aprovada a lei da eutanásia na França. Eles aproveitam da situação de Vincent, o utilizam como um caso emblemático para que a eutanásia seja legalizada no pais. A lei ainda não foi discutida mas querem aprová-la. Eles se aproveitam do meu filho para fazer um escândalo”.

Os juízes franceses sentenciaram a favor da eutanásia. Entretanto, os pais chegaram até o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), a fim de defender a vida de Vincent; mas este tribunal apoiou em junho a justiça francesa e autorizou os médicos do hospital de Reims pôr fim ao tratamento. Diante disso, os pais apresentaram uma demanda contra os doutores.

Um mês depois, a Dra. Simón convocou os familiares para discutirem este tema de maneira particular. Logo, convocou-os na quinta-feira, 23, quando anunciou-lhes a decisão final da equipe médica de não suspender a alimentação e hidratação de Vincent. Do mesmo modo, pediram às autoridades que designem um “representante legal” para o paciente.

O hospital – que desta maneira retrocede em sua posição de 2013 a favor da eutanásia –, declarou que “atualmente não existem as condições de serenidade e de segurança para prosseguir com este procedimento”.

O pai de Vincent, Pierre Lambert, disse aos meios franceses que “o hospital mencionou a existência de um projeto para sequestrar o paciente, por isso pediram que esteja ‘sob proteção judicial’”. Indicou ainda que, quando pediram mais informação, os médicos “não quiseram falar mais” sobre isso.

Por sua parte, a Diocese de Lyon difundiu um comunicado conjunto de nove bispos, entre eles o Cardeal Philippe Barbarin, no qual pediram que o direito à vida de Vincent seja respeitado.

Do mesmo modo, informaram que nos últimos dias vários centros de saúde ofereceram acolher Vincent Lambert para continuar o tratamento, sua hidratação e alimentação.