Os jovens membros de Movimentos e Novas Comunidades são o presente, o futuro e a primavera da Igreja, constatou o responsável do Setor Jovem do Pontifício Conselho para os Leigos, Padre João Chagas. O sacerdote participou, na quarta-feira, 15, do II Encontro Nacional de Jovens Líderes dos Movimentos e Novas Comunidades (ENJMC), que acontece em Belém (PA), quando falou sobre o tema “Desafios da juventude no mundo contemporâneo”.

O sacerdote, que trabalha na organização das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ’s), apresentou um panorama sobre este evento e falou também dos desafios encontrados pelos jovens, os quais a Igreja passou a observar, tais como sexualidade, projetos de vida, violência, medo. Por fim, assinalou que os Movimentos e as Novas comunidades possuem a tarefa primordial de “encontrar unidade na diversidade, criando agendas em comum”.

Em entrevista a ACI Digital, Pe. João Chagas sublinhou o importante papel que esses jovens pertencentes aos Movimentos e às Novas Comunidades desempenham na Igreja como testemunho de vida e protagonistas.

ACI Digital - Qual a importância dos jovens nos Movimentos e Novas Comunidades?

Pe. João Chagas – O Papa João Paulo II, logo no primeiro dia de seu pontificado, dizia que os jovens são a esperança da Igreja. Ele dizia: “Vocês, jovens, são a minha esperança”. O Papa Francisco, por sua vez, na viagem que fez para a Ásia encontrando os jovens da Coreia, disse que os jovens não são somente o futuro, eles são o presente da Igreja. Ouvi neste encontro que participamos também que um recente documento da CNBB retoma essa ideia dizendo que os jovens são o presente e o futuro da Igreja. Então, uma Igreja que não investe nos jovens, que não faz essa opção preferencial pelos jovens, é uma Igreja sem presente e sem futuro.

Isso vale também para os jovens das Novas Comunidades e dos Movimentos. João Paulo II gostava de dizer, e isso vem sendo retomado, que os Movimentos e Novas Comunidades são a expressão de uma nova primavera da Igreja. Então, se a gente juntar as duas coisas – que os jovens são o presente e o futuro e que os Movimentos e Novas Comunidades são a nova primavera –, uma Igreja que não contasse com os jovens dos Movimentos e Novas Comunidades seria uma Igreja sem presente, sem futuro e sem primavera. Ou seja, não teria aquela beleza como dizia Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares. Ela usava muito a imagem da Igreja como um belo jardim com diversos perfumes, com cores diferentes. Na primavera existe essa explosão de vida. E, é interessante que na primavera, muitos como eu sofrem de alergia com o pólen etc. Então, a explosão tão grande de vida, às vezes, também provoca alergia em muitos. Os Movimentos e Novas Comunidades nem sempre foram acolhidos com tanta facilidade. Mas, é uma novidade que traz uma grande riqueza. Já falei do Papa João Paulo II e do Papa Francisco. Agora, o Papa Bento XVI, falando uma vez para os Bispos da Suíça, se não me engano, ou da Alemanha, convidava a acolher os Movimentos e Novas Comunidades com muito amor.

ACI Digital - Neste Ano da Vida Consagrada, o que dizer sobre os jovens consagrados em Novas Comunidades?

Pe. João Chagas – Se são comunidades que se reconhecem como associações de fiéis, essa normalmente é uma consagração de natureza laical, mais privada, não se configura necessariamente com a vida religiosa, embora em muitos aspectos entre naquilo que se considera na Igreja a vida consagrada. A maioria daqueles que fazem uma consagração nas Novas Comunidades e em alguns Movimentos que comportam algum tipo de consagração, em grande parte são votos privados. Isso não tira o valor, porém, não configura como a vida religiosa em si. Mas, é uma consagração que, muitas vezes, mesmo no silêncio, com votos de natureza canônica privada, essas pessoas se consagram a Deus em pobreza, obediência, castidade. É uma riqueza muito grande. No artigo 62, da Exortação Apostólica pós-sinodal sobre a vida consagrada, ainda na época de João Paulo II, ele falava de como essas novas formas de vida evangélica trazem uma novidade para a Igreja e, muitas vezes, participam de suas vidas também aprofundando a própria consagração batismal. Dessa forma, muitas famílias nas Novas Comunidades se dedicam de maneira mais forte à missão. Então, de certo modo, essas famílias, esses leigos partilham de uma maneira tão próxima desse carisma da vida consagrada na Igreja. E isso talvez nos faça perceber que, apesar de sermos expressões diferentes – existe um carisma da vida consagrada, um carisma próprio da vida laical, do sacerdócio –, mas são sempre expressões que se complementam e têm tantos aspectos em comum. Eu citei o sacerdócio ministerial, mas existe um sacerdócio comum. Então, há uma riqueza da complementaridade, não só da distinção.

ACI Digital - Na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) do Rio de Janeiro, as Novas Comunidades tiveram grande participação. Como está sendo a participação das Novas Comunidades na preparação da JMJ 2016, na Cracóvia?

Pe. João Chagas – Na origem das Jornadas, os Movimentos tiveram um protagonismo muito grande – pessoas do Comunhão e Libertação, do Caminho Neocatecumenal, da Ação Católica, do Focolares, de outros Movimentos e Comunidades. Eles tiveram um protagonismo muito grande no início das Jornadas Mundiais da Juventude e sempre tiveram. Há Movimentos e expressões da Igreja que levem tanta gente como um país inteiro. Isso mostra a grande participação que eles têm. Eu mesmo que trabalho na organização da Jornada provenho de uma Nova Comunidade, que é a Comunidade Shalom. Junto comigo trabalha uma pessoa que veio dos Escoteiros, um movimento que na Europa é muito ligado à Igreja. Outra pessoa é da Instituição Teresiana, de consagração laical, mas muito ligada à Santa Teresa D’Ávila. Temos pessoas ligadas ao nosso trabalho que vieram, por exemplo, da Ação Católica. E, no mundo inteiro, tantas Comunidades e Movimentos com os quais vamos tendo contato e que estão voltados para a preparação da Jornada de Cracóvia. Muitos têm visitado, alguns têm disponibilizado jovens como voluntários a longo prazo e até ajudado na manutenção desses mesmos voluntários. Então, o apoio que as Comunidades e os Movimentos têm dado a esse campo é imprescindível. Eu diria: que possam atear fogo também na preparação da Jornada aqui no Brasil. A gente percebe que existe um grande empenho da Comissão Episcopal da CNBB, mas também é importante que esses novos carismas, que estiveram na origem da Jornada como protagonistas, sejam também protagonistas desse processo para que muitos jovens brasileiros estejam presentes na Jornada de Cracóvia.

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