No dia 17 de dezembro de 2014, deram início a aproximação diplomática entre Estados Unidos e Cuba, após cinco décadas de tensões, um processo no qual a Igreja participou e que pela primeira vez foi narrado pelo Papa Francisco durante o voo de volta à Roma (Itália), depois da sua viagem à América do Sul.

“O processo com os Estados Unidos não foi mediação, não teve caráter de mediação”, explicou o Santo Padre aos jornalistas. Disse ainda que tudo começou em janeiro de 2014.

“Havia um desejo que aconteceu, por outro lado também existia um desejo e finalmente, isto aconteceu em janeiro do ano passado. Passaram três meses e somente rezava sobre isto. Não tomei nenhuma decisão, apenas pensava o que poderia fazer com estes dois países, pois há mais de 50 anos estão assim”.

“Depois, o Senhor me iluminou em nomear um cardeal, ele foi para lá, falou, e depois, não soube nada a respeito. Após alguns meses, o secretário de Estado, que está aqui me disse: ‘Amanhã teremos a segunda reunião entre os dois grupos’. Como? ‘Sim, os dois grupos se comunicam, estão fazendo...’”.

“Aconteceu sem nenhum tipo mediação, surgiu da boa vontade dos dois países”, afirmou o Pontífice. “O mérito é deles, que fizeram isto. Nós não fizemos quase nada, somente algumas coisas. E aproximadamente em dezembro do ano passado foi anunciado. Esta é a história. Na verdade, não existe nada mais”.

Viagem à Cuba e aos Estados Unidos

O Papa Francisco realizará uma visita apostólica à Cuba entre os dias 19 e 22 de setembro deste ano e logo visitará os Estados Unidos, até o dia 27 desse mês. Deste modo, disse que depois desta viagem à América do Sul, começará a estudar estes dois países.

“Devo começar a estudá-los, pois até então estudei estes três países (Equador, Bolívia e Paraguai), que são muito belos, com uma grande riqueza e beleza... Agora devo começar a estudar Cuba, lugar no qual permanecerei por dois dias e meio, e logo viajarei aos Estados Unidos. Passarei pelas três cidades do Leste, ao Oeste não irei. Washington, Nova Iorque e Filadélfia”, indicou.

Direitos humanos

Durante a coletiva, um dos jornalistas perguntou ao Santo Padre: “Em Cuba deveria melhorar o respeito aos direitos humanos e o respeito à liberdade religiosa? Acredita que Cuba corra o risco de perder algo em sua relação com os Estados Unidos? ”

“Os direitos humanos são para todos. Não se respeitam os direitos humanos somente em um ou dois países. Eu acho que em muitos países do mundo os direitos humanos não são respeitados. O que perde Cuba? O que perde Estados Unidos? Os dois ganharão algo e perderão algo. Isso acontece em uma negociação”, respondeu o Papa.

“O que com certeza ganharão é a paz, o encontro, a amizade e a colaboração. Não sou capaz de pensar que coisas concretas ambos perderão. Normalmente em uma negociação ganhamos e perdemos”.

“Voltando ao tema dos direitos humanos, acho que no mundo inteiro existem vários países, inclusive algum país europeu, que por diversos motivos não permitem usar um signo religioso. Em outros continentes acontecem a mesma coisa. Pois a liberdade religiosa não é a mesma no mundo todo. Em muitos países a liberdade religiosa não existe”, assinalou o Pontífice.