A comunidade internacional ficou alarmada com a ocorrência de atentados simultaneamente na França, Tunísia e Kwait, nesta sexta-feira, deixando dezenas de mortos nos três países. Apenas no Kwait o Estado Islâmico (ISIS) reivindicou a autoria do ataque. Mesmo assim, o fato reforça a preocupação quando à propagação de extremistas pelo mundo.

Na França, um carro irrompeu em uma usina de gás, próximo a Lyon, causando uma explosão. No local, foram encontradas uma cabeça decapitada e uma bandeira com inscrições em árabe. Duas pessoas ficaram feridas neste que, segundo o presidente francês, François Hollande, foi um ataque de “natureza terrorista”.

Três pessoas foram detidas, entra elas o principal suspeito de cometer o crime. Trata-se de Yassim Salhi, de 35 anos e original de Saint-Priest, na periferia de Lyon. O Ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, informou que o preso foi acompanhado pelas autoridades entre 2006 e 2008 por supostas atividades radicais. Nesse período, ele teve vínculo com movimentos salafistas. Depois de 2008, deixou de ser visto como ameaça.

O homem decapitado foi identificado como um empresário de Lyon e seria o empregador do suposto autor do atentado.

Após esse ataque, o ministro da Imigração israelense, Zeev Elkin, pediu que os judeus deixem a França e voltem para Israel. "Exorto os judeus da França - voltem para casa! O semitismo aumenta, o terrorismo está crescendo!", declarou.

Na Tunísia, dezenas de pessoas foram mortas por um atirador, no hotel Imperial Marhabaum, na cidade de Sousse. Entre as vítimas, a maioria é de turistas, entre eles cidadãos britânicos, belgas e alemães.

Segundo agências internacionais, o corpo do atirador, armado com um fuzil Kalashnikov, estava no local onde a polícia o matou.

A Tunísia vive em estado de alerta de segurança, desde março, quando militantes aliados ao Estado Islâmico atacaram o museu do Bardo, em Tunis, deixando 20 turistas mortos.

No Kwait, o atentado foi na mesquita xiita de Al Imam al Sadeq, durante o momento das orações de sexta-feira, que reúne muitos fiéis. Pelo menos 25 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas, de acordo com o Ministério do Interior.

O grupo ligado ao Estado Islâmico, conhecido como Najd Province, divulgou comunicado reivindicando o atentado. O grupo afirma que o ataque foi realizado por um suicida identificado como Abu Suleiman al Muwahhid, contra uma mesquita “que promovia o ensinamento xiita entre a população sunita”. 

Esse mesmo grupo assumiu ter atacado duas mesquitas xiitas na Arábia Saudita, em maio.

Apesar de não haver confirmação de que os ataques foram coordenados, os três aconteceram dias depois de o Estado Islâmico ter incentivado a realização de ações como essas durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã. Em mensagem de áudio, o porta-voz do grupo, Abu Mohamed al-Adnani, exorta a que, “em todos os lugares, se apressem para fazer do Ramadã um mês de desastres para os infiéis”.

O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, divulgou uma nota, na qual lamenta a ocorrência dos atentados e manifesta solidariedade aos familiares das vítimas e aos governos locais. No texto, diz deplorar “o incremento dos atentados terroristas que continuam a ceifar vidas inocentes em diferentes partes do mundo, e que hoje provocaram novas vítimas em Sousse, na Tunísia, no Kuwait e na cidade francesa de Saint-Quentin-Fallavier”.

Além disso, classificou os atos como “criminosos, perpetrados por extremistas em nome de ideias incompatíveis com as regras mais elementares de convívio e respeito aos direitos humanos”.

Segundo o comunicado do Itamaraty, “a intolerância religiosa e o recurso à violência indiscriminada, praticados sob qualquer pretexto, merecem o mais veemente repúdio da sociedade e do Governo brasileiro”.