Em um recente discurso na Universidade de Notre Dame, Carl Anderson, Cavaleiro Supremo dos Cavaleiros de Colombo, questionou as políticas do governo do presidente Barack Obama seis anos depois de ter prometido proteção à liberdade de consciência e temas afins com os católicos em questões como o aborto.

“Se existe no núcleo do entendimento americano de liberdade um princípio que não pode ser negociado ou esquecido, é o fato de reconhecer que a liberdade é um reflexo da imagem divina em cada ser humano”, afirmou Anderson.

O Centro para a Ética e Cultura da Universidade de Notre Dame premiou os Cavaleiros de Colombo no dia 26 de abril com o Evangelium Award, inspirado na Encíclica “Evangelium Vitae” de São João Paulo II escrita em 1995, que reconhece os indivíduos e as organizações que defenderam e serviram a santidade da vida humana.

Anderson, como Cavaleiro Supremo, recebeu a medalha como representante da organização fraternal, que liderou durante 14 anos. Durante estes anos, o grupo teve mais de 664 milhões de horas de serviço e 1,4 bilhões de dólares para obras de caridade.

No seu discurso, Anderson enfatizou os desafios éticos e culturais que ameaçam a dignidade e a liberdade das pessoas. Ele iniciou seu discurso mencionando a promessa de Barack Obama feita no campus da Notre Dame seis anos atrás, contendo pontos em comum entre o catolicismo e a política do presidente.

No discurso de Obama em 2009, o mandatário norte-americano assegurou que respeitaria a liberdade de consciência das pessoas que estão contra o aborto e a anticoncepção, respeitando a objeção de consciência.

“Após seis anos, esta meta ainda não foi alcançada”, disse Anderson, assinalando que o mandato abortista do HHS (Secretaria de Saúde e Serviços Humanos dos EUA) foi divulgado pelo presidente Obama após um ano, com pouquíssimas e limitadas isenções para organizações religiosas.

O mandato enfrentou processos legais de centenas de empresários em todo o país alegando o direito à objeção de consciência. Dito mandato exige que empregadores financiem e facilitem planos de saúde que ofereçam anticoncepcionais, esterilização e alguns medicamentos que poderiam ser abortivos

“A história do mandato do HHS mostra um governo retrocedendo contrariado em sua proposta, dando pequenos passos, cedendo apenas quando é forçado a fazê-lo por ação judicial. E, ao final de contas, sem retroceder em absoluto”, continuou Anderson, dizendo que o governo de Obama está “obstinado” em seguir impulsionando a validez do mandato em todo o país.

A Lei de Cuidados de Saúde e seu acompanhante, o mandato do HHS, significam que as instituições católicas somente podem permanecer livres na medida que se ajustem as propostas do governo, relatou o líder dos Cavaleiros de Colombo, a maior organização laical da Igreja.

Anderson recordou uma pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Columbus-Marist, que afirmou que 84 por cento de americanos estão a favor de limitar o aborto nos primeiros três meses de gravidez, e acreditam que o governo deve promover leis que protejam tanto a vida da mãe como a do filho.

Sessenta por cento, indicou, acreditam que o aborto é moralmente mau, “apesar da parcialidade dos meios de comunicação e a intransigência judicial”.

Carl Anderson advertiu também que a Lei de Cuidados da Saúde se desvia de um programa de cuidado da saúde, e, em vez disto, se transforma em um sistema que controla aproximadamente um sexto da economia dos Estados Unidos.

“O potencial de controle da economia americana feito pelo governo através de legislações ao estilo do mandato do HHS vai além do que poderíamos imaginar alguns anos atrás”, e colocou a Europa como exemplo.

Anderson indicou que aproximadamente 90 leis ao redor do mundo foram divulgadas ou sugeridas para restringir a liberdade de associação e assembleia desde 2012, o que estaria encolhendo o espaço para a sociedade civil.

“O problema não é somente político, mas ideológico”, relatou.

“As pessoas que têm fé enfrentam uma ideologia apoiada no falso conceito de ser pessoas. Esta ideologia não compreende a pessoa humana, não entende nem o homem nem a mulher. Faz de todos eles –todos nós– seres isolados, desconectados, vivendo para nós mesmos”, uma atitude que representa uma “forma cruel de liberdade pessoal”.

No caso do mandato do HHS, explicou: “existe um mito de que a igualdade social e econômica da mulher depende da disponibilidade universal da anticoncepção, esterilização e do aborto, imposta, se necessário, pelo governo”.

Entretanto, Anderson destacou: “Existem muitas razões para ter esperança nos Estados Unidos, e a tendência atual nos chama a ter um espírito missionário entre os católicos.

Muitas instituições católicas institucionais nos Estados Unidos foram construídas por homens e mulheres cheios de espírito missionário, encantados pela busca da liberdade religiosa, recordou à audiência.

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“Estas instituições abriram uma janela sobre dignidade transcendente de cada ser humano, estas instituições ofereceram algo que o governo não pode oferecer: A promessa do Evangelho da Vida, da Evangelium Vitae”, assinalou.

Ao final, Carl Anderson afirmou: “vocês e eu estamos chamados a apoiar estas instituições; estamos chamados a apoiar esta promessa. Devemos apoiar a prática livre da religião e não somente fazer esta promessa, mas mantê-la”.