Fazer memória do sofrimento da perseguição e do martírio para chegar aos que ressuscitaram com Cristo, foi o pedido do Papa Francisco na manhã de hoje ao Sínodo Patriarcal da Igreja Armenio-Católica com quem celebrará no próximo domingo uma Missa na Basílica de São Pedro recordando das vítimas do genocídio.

O Pontífice explicou que esse dia “elevaremos a oração de sufrágio cristão pelos filhos e filhas de seu amado povo, vitimados há cem anos”.

A Missa terá lugar no Domingo da Divina Misericórdia, “para que ajude a todos, no amor pela verdade e a justiça, para curar cada ferida e acelerar gestos concretos de reconciliação e de paz entre as nações que ainda não chegam a um consenso razoável na interpretação destes tristes acontecimentos”.

O Papa afirmou que recorda “com tristeza particular destas regiões, como a de Alepo (na Síria), que há cem anos foram refúgio seguro para os poucos sobreviventes”, entretanto, “tais regiões, neste último período, viram como colocou-se em risco a permanência dos cristãos, não só armênios”.

Francisco destacou que o povo armênio, “é recordado como o primeiro em converter-se ao cristianismo no ano 301, tem uma história bimilenária e guarda um admirável patrimônio de espiritualidade e de cultura, unido à capacidade de recuperar-se após tantas perseguições e provas às que esteve exposto”.

Neste sentido, convidou-lhes a “cultivar sempre um sentimento de reconhecimento ao Senhor, para ser capazes de manter a fidelidade a Ele também nos tempos mais difíceis”.

O que foi o genocídio armênio?

O genocídio ou holocausto armênio foi a deportação forçosa e extermínio de um número indeterminável de civis armênios (católicos), calculado aproximadamente entre um milhão e meio e duas milhões de pessoas, pelo Império turco entre 1915 e 1923.

Este caracterizou-se por sua brutalidade nos massacres e a utilização de marchas forçadas com as deportações em condições extremas, que geralmente levava à morte muitos dos deportados.

A data do começo do genocídio é recordada no dia 24 de abril de 1915, quando as autoridades turcas prenderam 235 membros da comunidade de armênios em Istambul; dias depois a cifra de prisioneiros subiu para 600.

Posteriormente, uma ordem do governo central estipulou a deportação de toda a população armênia, sem possibilidade de obter os meios para a subsistência, e sua marcha forçada por centenas de quilômetros, atravessando zonas desérticas, levou a que a maior parte dos deportados perecesse vítima da fome, da sede e de outras privações, além do encontro com criminosos ao longo do caminho que os torturaram e mataram.

Embora a República da Turquia, sucessora do Império turco, não negue o massacre de civis armênios ocorreram, não admite qualifica-lo de genocídio, arguindo que as mortes não foram o resultado de um plano de extermínio maciço, sistemático e premeditado disposto pelo Estado turco.

Para a Turquia, estas mortes se deveram às lutas Inter étnicas, as enfermidades e a fome durante o confuso período da Primeira guerra mundial. Apesar desta tese, quase todos os estudiosos –inclusive turcos– opinam que os fatos enquadram-se na definição atual de genocídio.