O Hino à Caridade (1 Cor 13), foi a reflexão do Papa no Consistório Público durante o qual foram criados 20 novos Cardeais, 15 Eleitores e 5 Eméritos provenientes de 14 países. Quatro destes purpurados contam pela primeira vez com uma sede cardinalícia: Cabo Verde, Panamá, Tonga e Myanmar (Birmânia. Com a realização deste Consistório, o segundo do Pontificado do Papa Francisco, o Colégio Cardinalício fica agora composto de 227 Cardeais, dos quais 125 eleitores e 102 não-eleitores. Os Cardeais provenientes da Europa são 118; da América do Norte, 27; da América do Sul, 26; da América Central, 8; da Ásia, 22; da África, 21 e da Oceania, 5.

O Papa refletiu junto aos Cardeais sobre o “hino da caridade”, da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, que constitui a palavra-chave da celebração deste Consistório para o ministério dos novos Cardeais e, de modo particular, para os que, hoje, passam a fazer parte do Colégio Cardinalício:

“Quanto mais se amplia a responsabilidade dos Cardeais, a serviço da Igreja, tanto mais se deve ampliar seus corações, dilatar-se na medida do coração de Cristo. A “magnanimidade”, da qual fala o apóstolo Paulo, é, em certo sentido, sinônimo de catolicidade: é amar sem limites, com gestos concretos. Saber amar com gestos benévolos. A “benevolência” é a intenção firme e constante de querer sempre o bem para todos”.

Outro aspecto do “hino à caridade” do Apóstolo é que a “caridade não falta ao respeito, não procura o seu próprio interesse”. Estes dois pontos revelam que, quem vive na caridade, se descentraliza de si mesmo. O único e verdadeiro centro da Caridade é Cristo.

A caridade, acrescenta o Apóstolo Paulo, “não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade”. Quem é chamado ao serviço de governar a Igreja deve ter um forte sentido da justiça e ver toda e qualquer injustiça como inaceitável, para si ou para a Igreja. Mas, ao mesmo tempo, se “rejubila com a verdade”. O homem de Deus é aquele que vive fascinado pela verdade. O povo de Deus deve sempre ver em nós verdadeiros homens que denunciam a injustiça e prestam alegre serviço à verdade.

Por fim, São Paulo recorda que a “caridade tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Nestas quatro palavras, concluiu o Papa, encontra-se um verdadeiro programa de vida espiritual e pastoral para os Pastores da Igreja:

“O amor de Cristo, infundido em nossos corações pelo Espírito Santo, permite-nos viver assim, ser assim, como pessoas capazes de perdoar sempre; dar sempre confiança, pela sua fé em Deus; infundir sempre esperança, pela esperança que vem de Deus. Tais pessoas sabem suportar, com paciência, todas as situações, em união com Jesus, que suportou com amor o peso de todos os nossos pecados”.

Ao término da sua reflexão, na cerimônia do Consistório Ordinário Público, o Papa Francisco recordou que “Deus é amor e realiza tudo, se formos dóceis à ação do Santo Espírito. Eis como devemos ser: “incardinados e dóceis”.

“Quanto mais estivermos incardinados na Igreja que está em Roma, tanto mais devemos nos tornar dóceis ao Espírito, para que a caridade possa dar forma e sentido a tudo o que somos e fazemos. Incardinados na Igreja que preside na caridade, dóceis ao Espírito Santo, que derrama nos nossos corações o amor de Deus”.

O Papa concluiu sua alocução afirmando que Jesus é a Caridade encarnada. Por isso, invocou Maria, sua Mãe, para que nos ajude a acolher a Palavra e a seguir sempre este Caminho da caridade; que ela nos ajude, com a sua conduta humilde e terna de mãe, porque a caridade, dom de Deus, se desenvolve e cresce onde há humildade e ternura.

A cerimônia prosseguiu com a leitura, em latim, da fórmula de criação, que, depois, fizeram a profissão de fé e o juramento de fidelidade e obediência ao Papa e aos seus Sucessores; receberam o barrete cardinalício e o anel, símbolo do amor pela Igreja.

No Consistório também esteve presente o Papa Emérito, Bento XVI, que saudou os cardeais após a cerimônia