O Papa Francisco, na tarde de ontem, emocionou milhares de internautas que acompanharam a sua emocionante videoconferência - através do Google Hangout - com oito crianças deficientes das Scholas Ocorrentes, um projeto nascido na época.
 
“Vocês nos ajudam a compreender que a vida é um lindo tesouro, mas que só tem sentido se a damos. Muito obrigado!”, afirmou o Papa.
 
“Todos vocês têm um cofre, uma caixa, e dentro tem um tesouro. E o trabalho de vocês é abrir a caixa, tirar o tesouro, fazê-lo crescer e dá-lo, e recebe-lo dos demais. Se o guardamos fica trancado ali, se o compartilhamos com os outros, o tesouro se multiplica junto com os tesouros dos demais. Quero-lhes dizer que não escondam o tesouro que têm cada um de vocês. Às vezes este tesouro se encontra logo, às vezes é preciso fazer como no jogo da busca do tesouro, procurá-lo, mas uma vez encontrado é preciso compartilhá-lo!”, animou o Pontífice.
 
A videoconferência com crianças do Brasil, Argentina, Índia, Espanha e Estados Unidos, foi organizada pela rede Scholas Ocorrentes, a primeira plataforma online colaborativa, multi-religiosa e aberta à comunidade educativa que une mais de 400 mil pessoas e que leva por lema “Construir a paz através da educação e da tecnologia”.
 
O Papa Francisco falou primeiro com Isabel Vera, uma menina com problemas visuais de 13 anos, espanhola e amante do atletismo. Ela compartilhou a sua paixão pelas novas tecnologias e pelo seu teclado braile que lhe permite ler o computador. A jovem animou todas as crianças com deficiência a não desistirem, “porque com um pouquinho de esforço –disse-, pode-se alcançar o que queremos”.
 
“Isabel, todos aqui te desejamos tudo de bom e que você continue avançando, que continue correndo, que continue trabalhando com o seu computador, que Deus te abençoe”, respondeu o Papa.
 
Depois, Francisco conversou com Pedro, da cidade de São Paulo no Brasil, um menino que não tem o seu braço direito e que deseja que as novas tecnologias o ajudem a andar de bicicleta. O futebol é o seu esporte favorito e explica que quando toma um gol, não se entristece, porque para ele, o mais importante é estar junto com os seus amigos.
 
“Você está dando uma lição para nós, o que importa não é ganhar, o que importa é jogar e estar juntos com os amigos”, afirmou o Santo Padre emocionado.
 
O momento mais divertido da videoconferência chegou da Espanha com Alicia, uma jovem de 16 anos com Síndrome de Down, que explicou que é apaixonada por cinema e perguntou ao Papa sobre as suas habilidades com o computador. “Eu sou muito ruim com essa máquina, não sei mexer no computador, que vergonha!”, disse rindo o Pontífice.
 
Alicia e outra companheira mostraram ao Papa a câmera de vídeo com a qual trabalham na sua fundação: “Com esta podemos fazer um montão de coisas… me divirto vendo o resultado das gravações que fazemos é muito divertido! … eu também gosto de usar o claquete, o som, e as luzes, mas o que mais gosto é de trabalhar em equipe”, assegurou.
 

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O Papa também falou com dois meninos com problemas de locomoção de Nebraska (Estados Unidos). Eles disseram que as novas tecnologias lhes ajudam em seu dia a dia e lhe pediram conselho para vencer as dificuldades.
 
“É preciso superar o mal humor, e se não, ficar tranquilo até que passe. Não precisamos nos assustar com as dificuldades. Nós somos capazes de superá-las, precisamos apenas de tempo para compreender, inteligência para procurar o caminho e coragem para andar adiante, mas nunca assustar-se”, animou o Papa.
 
Da Índia, Manog, um menino com deficiência auditiva de 13 anos, amante do karatê e da ioga, afirmou que graças à rede Scholas descobriu a internet e as oportunidades que ela oferece para a aprendizagem. “Até três anos atrás não sabia o que era um computador. Eu gosto muito. Agora quando não entendo algo do meu trabalho, vou à internet, procuro fotos e então compreendo. É como ter um professor, sou um grande fã do Bruce Lee e eu gosto de ver seus vídeos no Youtube”, assinalou.
 
Manog perguntou ao Papa como acha que Scholas pode ajudar as crianças com deficiências? “Construindo pontes –respondeu o Santo Padre-, melhorando a comunicação entre vocês, porque quando vocês se comunicam dão o melhor que têm dentro e recebem dos outros o melhor que têm dentro, e isso é o importante, quando não nos comunicamos ficamos sozinhos com as nossas limitações, e o mais importante é a comunicação, dar e receber. Isso nos faz bem e já não estamos sozinhos. De modo que Scholas pode ajuda-los na comunicação”.
 
Por último, Buati, um jovem argentino autista de 14 anos, cumprimentou o Papa desenhando um coração com as suas mãos e compartilhou com ele o seu gosto pelos tablets e computadores. “Eu gosto de usar o meu tablet, tiro fotos e faço coisas, depois compartilho com meus amigos… os puzles me saem muito bem, eu estou muito contente de falar contigo hoje, olhe este coração, eu gostaria de ir visitar-te Roma alguma vez”.
 
O Papa e seus simpáticos interlocutores se despediram balançando as suas mãos com um lema “suas mãos pela paz”. O objetivo do encontro foi apoiar o lançamento do Scholas Labs, um programa para acelerar projetos educativos e apoiar empreendedores tecnológicos comprometidos com a inovação e a educação, com o propósito de fomentar a integração.