Dom Oscar Cantú, presidente do comitê internacional de Justiça e Paz da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, condenou os atos de tortura aplicados pela Agência Central de Inteligência (CIA) contra os acusados de terrorismo e que foram revelados na terça-feira em um relatório do comitê de inteligência do Senado.

“Os atos de tortura descritos no comitê de inteligência do Senado violam a dignidade humana dada por Deus, inerente a todas as pessoas”, assinalou o também Bispo de Las Cruces. “A Igreja católica crê firmemente que a tortura é um ‘mal intrínseco’ que não pode ser justificada em nenhuma circunstância”, acrescentou em um comunicado difundido pela Campanha Religiosa Nacional contra a tortura.

O relatório de 500 páginas revelou que os acusados de terrorismo eram torturados física e psicologicamente, com métodos que iam desde surras, permanência acordados por 180 horas, isolamento prolongado, “hidratação e alimentação retal”, até ameaças de morte e de abuso sexual.

A documentação, que gerou polêmica nos Estados Unidos e também a nível internacional, assinala que em um dos centros de detenção, um prisioneiro morreu em novembro de 2002 “provavelmente de hipotermia por ter permanecido seminu e acorrentado a um chão de concreto”.

Um dos torturados foi Khalid Sheik Mohammed, o cérebro dos atentados de 11 de setembro de 2001, que quase morreu afogado sendo submerso em água por 183 vezes.

Dom Richard Pates, anterior presidente do Comitê Internacional de Justiça e Paz dos bispos norte-americanos, apoiou os senadores Susan Collins e Angus King em seus esforços por desclassificar o estudo em uma carta em abril.

“Já é tempo de que os Estados Unidos tome uma posição clara contra a tortura. Publicar o relatório completo sobre as práticas de interrogação da CIA ajudará o nosso país a reforçar a sua credibilidade moral”, afirmou então.