O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Bispo Emérito de Hong Kong (China), explicou algumas das ameaças atuais do continente asiático e ressaltou que “o comunismo destruiu os valores humanos”.

Assim indicou o Cardeal de 82 anos em declarações ao Grupo ACI em Roma (Itália), onde chegou para participar do evento “Missão na Ásia: Papa João Paulo II e Francisco”, realizado na Pontifícia Universidade Urbaniana, no qual também participaram bispos das Filipinas, Sri Lanka, Iraque e Coréia do Sul, entre outros.

O Cardeal Joseph Zen Ze-kiun explicou que em sua intervenção no evento disse que “o caminho da Igreja é o homem, o ser humano. Por isso, acho que agora a batalha está no terreno. Na realidade, o que ameaça a Ásia é um ateísmo humanista, onde as pessoas opõem Deus ao homem e o homem a Deus. Temos que pregar a Deus porque só Deus pode salvar o homem”.

O Cardeal disse logo que “podemos ver especialmente a partir da história da China que o comunismo destruiu os valores humanos. Então para salvar os valores humanos é preciso trabalhar muito para difundir a boa nova de Jesus Cristo”.

O Bispo Emérito de Hong Kong afirmou que “estamos lutando para conseguir uma eleição realmente democrática (na China), mas as autoridades de Beijing decidiram não nos dar isso. Eles dizem ‘OK, vamos dar um voto a cada um’, mas dizem que eles escolhem os candidatos. Isso não é uma eleição real e então estamos lutando contra isso”.

O Cardeal se referiu depois aos protestos recentes em Hong Kong para reclamar a liberdade e a democracia na sociedade chinesa: “o movimento começou muito racionalmente. Não esperamos o êxito imediato, mas temos que ir passo a passo mantendo o movimento”.

Entretanto, prosseguiu, “os estudantes assumiram o assunto para si e estão impacientes. Então, eles avançam rápido, mas sem muito planejamento e obviamente querem ter êxito imediato e isso não é possível. Isso faz com que cometam erros”.

Sobre a recente viagem do Papa Francisco à Coréia, realizada em agosto deste ano, o Cardeal Zen Ze-kiun comentou ao Grupo ACI que realmente desfrutou da visita e assinalou que em sua visita o Santo Padre disse “algo muito importante”.

Na Missa com os bispos da Ásia, o Papa “falou sobre o diálogo e disse que o diálogo tem duas condições essenciais. A primeira é ensinar que a pessoa deve ser coerente com a sua própria identidade, a segunda é ter esta empatia e isso é um coração aberto para escutar”.

“Então a coerência com a própria identidade e a abertura de coração são importantes. Acho que é muito sábio”, concluiu.

China e a Igreja Católica

A China só permite o culto católico à Associação Patriótica Católica Chinesa, ajudante do Partido Comunista da China, e rejeita a autoridade do Vaticano para nomear bispos ou governá-los. A Igreja Católica fiel ao Papa não é completamente clandestina; embora seja assediada constantemente.

As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano se romperam em 1951, dois anos depois da chegada dos comunistas ao poder que expulsaram os clérigos estrangeiros.

Em 2007 o então Papa Bento XVI escreveu uma carta aos católicos da China na qual alentava os fiéis a defenderem a fé, mesmo a custa de sacrifícios, para promover a unidade e a comunhão.

Em dezembro de 2010, a nomeação de um bispo legitimamente ordenado como Presidente da associação, durante uma assembleia que sacerdotes e bispos fiéis a Roma tiveram que ir à força, gerou um distanciamento entre o Vaticano e China.

A viagem do Papa Francisco à Coréia permitiu uma pequena aproximação depois do telegrama enviado pelo Santo Padre ao líder da China que permitiu que o avião papal sobrevoasse o território chinês.