Depois de sua visita ao Parlamento Europeu, o Papa Francisco foi à sede do Conselho da Europa, onde denunciou o terrorismo religioso e internacional, “que nutre profundo desprezo pela vida humana”; e chamou o continente a refletir “se seu imenso patrimônio (…) é um simples legado de museu do passado”, ou se ainda “é capaz de inspirar a cultura e descerrar os seus tesouros à humanidade inteira”.

A maior parte de seu discurso tratou sobre a paz e as ameaças que hoje se vivem não só na Europa, mas também no resto do mundo. Sobre o tema, assinalou que “a paz é ferida ainda muitas vezes”. “Quanto sofrimento e quantos mortos há ainda neste Continente, que anseia pela paz e contudo volta facilmente a cair nas tentações de outrora!”. Mas, “a paz é posta à prova também por outras formas de conflito, como o terrorismo religioso e internacional que nutre profundo desprezo pela vida humana e ceifa, de forma indiscriminada, vítimas inocentes”. “Infelizmente este fenómeno é alimentado por um tráfico de armas, muitas vezes sem qualquer entrave”, denunciou ante os presentes. Além disso, “a paz é violada também pelo tráfico de seres humanos, a nova escravatura do nosso tempo que transforma as pessoas em mercadoria de troca, privando as vítimas de toda a dignidade”.

Por outro lado, o Papa insistiu na importância “da contribuição e responsabilidade europeias para o desenvolvimento cultural da humanidade” e alertou contra a “globalização da indiferença, que nasce do egoísmo, fruto duma concepção do homem incapaz de acolher a verdade e viver uma autêntica dimensão social”.

Segundo o Pontífice, “Europa deve refletir se o seu imenso patrimônio humano, artístico, técnico, social, político, económico e religioso é um simples legado de museu do passado, ouse ainda é capaz de inspirar a cultura e descerrar os seus tesouros à humanidade inteira”.

Por outro lado, o Santo Padre se mostrou favorável a acolher a vontade do Conselho da Europa de investir no diálogo intercultural, “incluindo sua dimensão religiosa”. O Papa Francisco acredita que o cristianismo tem muito que contribuir “ao desenvolvimento cultural e social europeu no âmbito duma correta relação entre religião e sociedade”. “Na ótica cristã, razão e fé, religião e sociedade são chamadas a iluminar-se reciprocamente, apoiando-se uma à outra”.

Em seu discurso, o Pontífice também aludiu aos desafios atuais do mundo: acolhida dos emigrantes e o trabalho digno.

O Conselho da Europa é a organização internacional de âmbito regional destinada a promover, mediante a cooperação dos Estados da Europa, a configuração de um espaço político e jurídico comum no continente, sustentado sobre os valores da democracia, os direitos humanos e a lei.