Por causa de algumas distorções da imprensa nos últimos dias sobre o que o Papa Francisco pensa em relação às drogas, o Arcebispo Reitor da Universidade Católica Argentina (UCA), Dom Víctor Fernández, exortou os jovens desse centro de estudos a lerem “o que ele diz diretamente”.

O Prelado, que foi nomeado arcebispo pelo Papa Francisco no dia 15 de junho deste ano e que participou da equipe que colaborou com a redação do documento final do Sínodo da Família, explicou em um encontro com alunos da UCA que não se deve tirar conclusões das fotos que as pessoas tiram com o Papa.

Dom Fernández explicou que quando o Papa Francisco quer dizer alguma coisa, expressa de forma muito clara e direta. “As fotos só mostram a amabilidade e abertura do Papa, mas nada mais”, disse o Prelado em referência às fotografias onde se vê o Pontífice com diversas pessoas de distintos âmbitos que recebe diariamente no Vaticano.

“Do mesmo modo –adicionou-, não convém levar muito a sério o que dizem supostos mensageiros e intérpretes do Papa”.

Embora não seja mencionado na nota enviada pela UCA, faz uns dias o Santo Padre recebeu no Vaticano o sacerdote que dirige a SEDRONAR, o organismo responsável por coordenar as políticas nacionais de luta contra os vícios na Argentina, Pe. Juan Carlos Molina, que em diversas oportunidades expressou o seu apoio à despenalização dos consumidores de drogas no país.

O sacerdote fez algumas declarações depois do encontro nas quais supostamente explicava a postura do Papa Francisco a respeito. Como é comum com as pessoas que cumprimentam e conversam com o Pontífice, há uma série de fotografias que ilustram o encontro.

Sem referir-se a alguma pessoa em particular, o Arcebispo Víctor Fernández destacou que "tampouco o que dizem os membros da Universidade, ou o que eu mesmo diga, embora seja bispo, pode ser considerado como chave de interpretação do Papa. É melhor que leiam o que ele diz diretamente. O que pensa sobre a liberalização das drogas, por exemplo, está muito claro em seu discurso no Rio de Janeiro, e nenhuma foto pode desmentir isso".

Na Jornada Mundial da Juventude realizada em julho de 2013 no Rio de Janeiro, Brasil, o Papa Francisco disse que “não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas”.

Em junho deste ano e ante os participantes da 31° Conferência Internacional Antidroga reunida em Roma (Itália), o Papa assegurou: “queria dizer claramente: A droga não se vence com a droga. A droga é um mal e, com o mal, não pode haver relaxamento ou compromissos. Pensar em poder reduzir o dano, permitindo o uso de psicofármacos àquelas pessoas que continuam a usar droga, não resolve de fato o problema”.

Francisco acrescentou que “a legalização das chamadas drogas leves, mesmo de modo parcial, além de ser, pelo menos, questionável em termos de legislação, não produz os efeitos que foram pré-fixados. As drogas substitutivas, então, não são uma terapia suficiente, mas uma forma velada de se render ao fenômeno”.

“Quero reafirmar o que eu já disse em outra ocasião: ‘não a qualquer tipo de droga’. Simplesmente. Não a qualquer tipo de droga. Mas para dizer este ‘não’, é preciso dizer sim à vida, sim ao amor, sim aos outros, sim à educação, sim ao esporte, sim ao trabalho, sim a mais oportunidades de trabalho”, afirmou o Santo Padre.