Denunciar para a justiça os agressores que assassinaram o casal cristão em Kasur no dia 4 de novembro e tomar medidas imediatas para derrogar a lei contra a blasfêmia: estes são os pedidos formulados por centenas de cristãos que se manifestaram nesta segunda-feira, 10 de novembro, no distrito de Kasur, onde ocorreu a tragédia dos dois cônjuges, Shahzad Masih e Shama Bibi, queimados vivos em um forno, falsamente acusados de blasfêmia.

“O governo tem o dever de proteger o direito à vida e os bens de seus cidadãos”, explicou à agência vaticana Fides o advogado Sardar Mushtaq Gill, defensor dos direitos humanos, que esteve presente na manifestação.

O protesto contou com a participação de membros de todas as religiões, incluindo católicos e protestantes. Os manifestantes mostraram cartazes e proclamaram frases contra a perseguição religiosa dos cristãos no Paquistão, pedindo o fim das injustiças e dos abusos relacionados com as leis da blasfêmia.

“A polícia não pôde salvar o casal: frequentemente os agentes de polícia afirmam que não podem salvar o acusado de blasfêmia quando se trata de um cristão”, diz Gill.

“Os cristãos nunca estarão a salvo, enquanto esta lei esteja em vigor. Esta lei representa uma violação grave dos direitos humanos e deve ser derrogada imediatamente”, continua dizendo. “Fazemos um apelo à comunidade internacional para que assuma um papel construtivo e eficaz em tudo isso”.

Os cristãos também denunciaram a “escravidão moderna” no Paquistão. Muitas vezes, os fiéis que trabalham em grandes fornos para a fabricação de tijolos de argila o fazem em qualidade de “escravos”.

Esse era o caso dos dois cônjuges Shahzad e Shama, de fato, eles contraíram dívidas com o empregador e deveriam paga-las com anos de trabalho sem um salário.

Acontece que estas dívidas, que estavam cheias de interesses, muitas vezes não são quitadas pelos pais (uma vida de trabalho não é suficiente) e então recaem sobre os filhos, por isso a escravidão se perpetua durante gerações.

As organizações cristãs pedem que se detenha esta prática ilegal e desumana.