O ex-arcebispo polonês Jozef Wesolowski já está em prisão domiciliar no Vaticano. Foi acusado de ter abusado sexualmente de menores e de possuir material pornográfico infantil, conforme afirmou o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Padre Federico Lombardi.

O processo contra ele, “com a consequente limitação dos seus contatos”, “pretende, evidentemente, evitar a possibilidade de que o imputado se afaste e a possível contaminação das provas”.

“Os elementos de natureza documental e testemunhal sobre os quais se baseiam as acusações chegaram ao Promotor de Justiça; tanto as atas do procedimento canônico começado pela Congregação para a Doutrina da Fé, como a documentação que chegou da República Dominicana”, explicou Lombardi.

O procedimento instrutório sobre o caso do ex-núncio durará alguns meses, “antes que comece o processo”, que, portanto, poderia começar “nos últimos meses deste ano” ou “nos primeiros do ano que vem”. O Promotor de Justiça, completadas as averiguações que considere necessárias e os interrogatórios oportunos do imputado assistido por seu advogado, poderá formular ao Tribunal o pedido de um novo reenvio a julgamento. De ser aceita, começará o processo.

Foi colocado à disposição do ex-núncio um advogado, mas “naturalmente pode exercer o direito de defesa mediante um advogado de confiança” que poderá ser escolhido por ele. Assim, Wesolowski será processado com base nas normas em vigor da reforma penal de 2013, e poderia ser condenado a seis ou sete anos de prisão, mais eventuais agravantes.

A prisão que ocorreu ontem pela tarde no Vaticano, onde tinha sido chamado pelo Promotor de justiça do Tribunal vaticano de primeira instância, Gian Piero Milano, foi autorizado para impedir que o prelado abandonasse o Estado da Cidade do Vaticano.

Além da sentença canônica, ou seja, a redução ao estado laico, terá que responder a um processo penal por parte dos juízes do menor estado do planeta e também à extradição aos países que a peçam (sobretudo a República Dominicana e Polônia, e talvez outros onde tenha servido; sua carreira se desenvolveu na África meridional, Costa Rica, Japão, Suíça, Índia e Dinamarca, como conselheiro da nunciatura, e na Bolívia, Cazaquistão e Uzbequistão, onde foi núncio apostólico).

Wesolowski é o primeiro bispo preso no Vaticano da modernidade.