O padre argentino Luis Montes, do Instituto do Verbo Encarnado, serve há três anos e meio em Bagdá (Iraque), e afirmou em recentes declarações ao jornal argentino Clarín que apesar do perigo que representa o avanço do Estado Islâmico (ISIS), ficará com o Pe. Jorge Cortês acompanhando os cristãos “até o final”.

“A princípio nós ficaríamos. Enquanto haja cristãos. Nós estamos aqui por eles e queremos estar com eles até o final. Mas ninguém sabe o que vai acontecer. Pode ser que aconteça o pior, pode ser que não. Mas o princípio é ficar com eles, com o povo que escolhemos servir”, afirmou o sacerdote natural de Mendoza (Argentina).

Durante a entrevista difundida no dia 12 de agosto, o sacerdote assinalou que os Jihadistas do Estado Islâmico odeiam o cristianismo e por isso a primeira coisa que fazem ao conquistar uma cidade “é destruir as cruzes pelo grande ódio que têm à cruz. Mas, em geral, o ISIS odeia todos os que não são eles. Frente aos que não aceitam o que eles dizem, a solução é a espada. Sejam eles cristãos, yazidis ou xiitas. Os cristãos são os que sofrem mais porque, como são uma minoria, não têm proteção de ninguém”.

Nesse sentido, explicou que desde 2003 –quando os Estados Unidos interveio para derrubar Sadam Hussein-, “o número de cristãos passou de um milhão e meio para 400.000. E com este tipo de ações, se acentua o êxodo”.

“Como pároco na catedral, eu devo assinar os certificados de batismo que precisam para o visto e mais pessoas estão solicitando agora. Mais do que antes. Muitas pessoas fazem isso simplesmente para estarem preparadas, caso aconteça alguma coisa grave. Não o fazem porque queiram ir embora. Mas estão pensando”, afirmou.

O Pe. Montes assinalou que o objetivo do Estado Islâmico “é exterminar os seus adversários e o fazem como uma forma de limpeza étnica ou limpeza religiosa”, o que pode converter-se em um genocídio, pois nos últimos dias mais de 250.000 cristãos fugiram de suas casas.

“Há crianças morrendo no caminho por causa do sol de 50 graus. Algumas pessoas não têm o que comer, estão ficando doentes. Não se sabe o que vai acontecer, se vão poder abrir as escolas. A situação é absolutamente terrível. Estamos falando de centenas de milhares de pessoas. E ficarão marcas no futuro destas pessoas. Marcas físicas para os que foram feridos, marcas psicológicas para a grande maioria”.

Os do Estado Islâmico, relatou, “sequestram famílias inteiras, matam os homens, escravizam as mulheres, vendem as crianças, eliminam os adversários, fazem represálias desproporcionais contra todos os que combatem contra eles. Essas atrocidades são verdades. Depois, outros detalhes em concretos, eu não os conheço. Mas alguns dados são certos: eles queimam tudo o que é cultura antiga, dessacralizam as Igrejas, transformam-nas em mesquitas, e está comprovado”.

No caso de Mosul, acabaram com “uma igreja com uma tradição cristã antiquíssima, de pelo menos 1600 anos”. “É uma catástrofe a todo nível. Estão destruindo a convivência que houve aqui durante muitos anos produzindo mais ódios, mais ressentimentos, mais desconfiança. Quando vai se solucionar isso?”, perguntou.

“Não há perdão entre os muçulmanos. Para eles, fazer mal àqueles que fizeram o mal, não só está permitido, mas é também uma obrigação. Olho por olho, dente por dente. Eles têm que devolver o mal. O perdão para eles é um defeito. Por isso, o problema que há na Terra Santa: judeus e muçulmanos desconhecem o perdão”.

Nesse sentido, recordou que “o grande rabino de Roma, que se converteu ao cristianismo na segunda guerra mundial, dizia que o perdão para um judeu é uma falta contra a justiça”.
“Quando você tira os cristãos que afirmam que o perdão é algo positivo, você está trazendo um dano imenso a essa sociedade”.

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