TIRANA, 21 de set de 2014 às 13:55
Em uma reflexão improvisada nesta tarde na Catedral da Tirana onde celebrou as vésperas com os sacerdotes, os religiosos, as religiosas e os seminaristas da Albânia, o Papa Francisco exortou os presentes a oferecer consolo como Deus faz e nunca procurar consolo fora d´Ele.
A seguir as palavras do Santo Padre:
Eu tinha um discurso preparado e vou dar ao Arcebispo (de Tirana) para que ele vos entregue. Veio-me a ideia de dizer-lhes outra coisa.
Escutamos na leitura: Bendito seja Deus Pai Todo Poderosos, Pai de todo consolo que nos consola em todas nossas tribulações, para que possamos consolar os que estão afligidos, com o consolo com o que fomos consolados.
Isso é o que diz o texto que a Igreja nos propõe para refletir nestas vésperas. Nestes dois meses me preparei para esta visita lendo a história da perseguição na Albânia e para mim foi uma surpresa. Eu não sabia que seu povo tinha sofrido tanto.
Hoje no caminho do aeroporto, via todas as fotografias dos mártires. Vê-se que este povo ainda tem memória de suas mártires. Povo de mártires. E hoje ao início desta celebração, falei com dois deles. Relataram as coisas com tanta simplicidade, mas coisas muito dolorosas (ndr. O Papa se refere aos religiosos que deram seu testemunho neste evento, um homem e uma mulher).
Podemos perguntar-lhes como fizeram para sobreviver a tanta tribulação e eles nos dirão o que escutamos na passagem da segunda leitura. Deus Pai misericordioso, Deus Pai de todo consolo, foi Deus... Com esta simplicidade sofreram muito, física e psicologicamente, com a angústia da incerteza se seriam fuzilados ou não. O Senhor os consolava.
Penso em Pedro acorrentado no cárcere. Toda a Igreja rezava por ele. O Senhor consolou a Pedro e aos mártires e a estes dois cujo testemunho escutamos hoje. O Povo de Deus, as velhinhas santas, tantas monjas de clausura que rezavam por eles.
E este é o mistério da Igreja. Deus que consola o seu povo. O Senhor consola humildemente, de maneira velada, consola na intimidade do coração, dá fortaleza. Estou seguro de que eles não se vangloriam do que viveram. Foi o Senhor quem os acompanhou.
Mas eles nos dizem algo: a nós que fomos chamados pelo Senhor para segui-Lo de perto. Ai de nós se procurarmos outro consolo, ai dos sacerdotes, dos religiosos, das noviças, dos consagrados se procurarmos consolo longe do Senhor.
Eu não quero espancá-los hoje, não quero me converter no que executa aqui uma sentença. Se buscarmos o consolo em outra parte não serão felizes.
Se assim o faz ele terminará como diz Elias ao povo do Israel, mancando com as pernas. Bendito seja Deus Pai, Deus de todo consolo que nos consola em todas nossas tribulações para que possamos consolar a todos os que padecem todo tipo de aflições, com o consolo que nós mesmos fomos consolados.
O que fizeram estes dois (religiosos) hoje despretensiosos, sem vangloriar-se, foi um serviço, nos consolando. Embora nos digam que somos pecadores. É mais, dizem-nos que somos pecadores mas o Senhor esteve conosco, não há que desanimar-se.
Todos devemos ser exemplos uns para os outros, retornemos para casa sabendo que hoje os mártires nos tocaram.
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