Junto a milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro em uma manhã ensolarada, o Papa Francisco na sua tradicional catequese de quarta-feira voltou a refletir sobre a Igreja como mãe, assegurando que não “nos tornamos cristãos em laboratório”, mas somos gerados e crescemos na fé “dentro daquele grande corpo que é a Igreja” que “é realmente Mãe”.

O pontífice colocou a Virgem Maria como modelo de maternidade para Igreja, e afirmou que ela é “o modelo mais belo e mais alto que se pode ter”, pois “a maternidade de Maria é certamente única, singular, e se realizou na plenitude dos tempos, quando a Virgem deu à luz o Filho de Deus, concebido por obra do Espírito Santo”.

O Papa disse que a maternidade da Igreja coloca-se em continuidade com a maternidade de Maria “como um prolongamento seu na história”. “A Igreja é mãe. O nascimento de Jesus no seio de Maria, de fato, é o início do nascimento de cada cristão no seio da Igreja, desde o momento que Cristo é o primogênito de uma multidão de irmãos e o nosso primeiro irmão Jesus nasceu de Maria, é o modelo, e de todos nós que nascemos na Igreja”.

“Compreendemos, então, como a relação que une Maria e a Igreja é tão profunda: olhando para Maria, descobrimos a face mais bela e mais terna da Igreja; e olhando para a Igreja reconhecemos os traços sublimes de Maria. Nós, cristãos, não somos órfãos, temos uma mãe, e isto é grandioso! Não somos órfãos! A Igreja é mãe, Maria é mãe”, ressaltou.

O Santo Padre afirmou que a Igreja é mãe porque nos gerou no Batismo e disse também que esta maternidade manifesta-se de modo peculiar no serviço de evangelização, pois a Igreja se empenha como “uma mãe em oferecer aos seus filhos o alimento espiritual que alimenta e faz frutificar a vida cristã”. “É justamente a mãe Igreja que, com a Palavra de Deus, nos muda de dentro. A Palavra de Deus que nos dá a mãe Igreja transforma-nos, torna a nossa humanidade não palpitante segundo a mundanidade da carne, mas segundo o Espírito.”

O Papa assinalou que “na sua solicitude materna, a Igreja se esforça em mostrar aos crentes o caminho a percorrer para viver uma existência fecunda de alegria e de paz”, e disse que este caminho de salvação mostrado pela Igreja “nos dá a capacidade de nos defendermos do mal”.

“A Igreja tem a coragem de uma mãe que sabe ter que defender os próprios filhos dos perigos que derivam da presença de satanás no mundo, para levá-los ao encontro com Jesus. Uma mãe sempre defende os filhos. Esta defesa consiste também em exortar à vigilância”, frisou ainda o Papa

“Queridos amigos, esta é a Igreja, esta é a Igreja que todos amamos, esta é a Igreja que eu amo: uma mãe que tem no coração o bem dos próprios filhos e que é capaz de dar a vida por eles. Não devemos nos esquecer, porém, que a Igreja não é só os padres, ou nós bispos, não, somos todos! A Igreja somos todos! De acordo? E também nós somos filhos, mas também mães de outros cristãos. Todos os batizados, homens e mulheres, juntos somos a Igreja. Quantas vezes nas nossas vidas não damos testemunho desta maternidade da Igreja, desta coragem materna da Igreja! Quantas vezes somos covardes!”

O Pontífice concluiu pedindo a Maria que ela “como mãe do nosso irmão primogênito, Jesus, nos ensine a ter o seu mesmo espírito materno nos confrontos dos nossos irmãos, com a capacidade sincera de acolher, de perdoar, de dar força e de infundir confiança e esperança. É isto o que faz uma mãe”.