Bento XVI continua em contato com os seus antigos alunos da Universidade de Ratisbona, Alemanha, e celebrou junto com eles no domingo passado, 24 de agosto, uma Missa “muito comovedora” na Igreja do Cemitério Teutônico do Vaticano.

Bento XVI estava em forma e alegre. Concelebrou a Missa com dois dos seus antigos alunos e atuais membros da Cúria Romana: o Secretário do Pontifício Conselho da Cultura, Dom Barthélemy Adoukonou; e o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch.

“Foi extraordinário, como sempre nos maravilhou que apesar da idade, e sem um texto preparado, faça uma homilia de grande nível, com uma clareza de mente extraordinária para a sua idade. Além disso, falou sobre o Evangelho do dia, no qual Jesus funda a sua Igreja em Pedro, e disse coisas muito importantes sobre a figura do sucessor Pedro”, explicou ao Grupo ACI o Secretário do Pontifício Conselho da Cultura, Dom Barthélemy Adoukonou.

Natural de Benim, Dom Adoukonou foi o último aluno orientado pelo professor Joseph Ratzinger no doutorado da Universidade da Ratisbona, durante a década de 1970, da qual foi catedrático e vice-reitor antes de converter-se no Papa Bento XVI.

Outro antigo aluno do Papa Ratzinger, o Padre Vincent Twomey, explicou ao Grupo ACI que durante a celebração o Pontífice Emérito “se encontrava em boa forma e de bom ânimo”, e esteve de pé por uma hora e meia.

Quanto à homilia, assinalou que “foi muito comovedora”. Tratou do Evangelho do dia, quando Jesus nas aldeias da Cesaréia de Filipe pergunta aos apóstolos: “Quem dizeis que eu sou?”. Pedro faz a sua confissão de fé e responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. “Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja”, responde Jesus.

“O principal tema que abordou é que hoje as pessoas sempre estão perguntando quem é Jesus Cristo. Dizem que era um grande homem, um mestre, um revolucionário, talvez. As pessoas o veem de diferentes maneiras. E isso não é ruim, significa que a imagem de Jesus se estendeu por toda a sociedade e as religiões. Mas, o reconhecê-lo como Filho de Deus é um dom da fé”.

Bento XVI afirmou que “nosso Senhor não construiu a sua Igreja em uma teoria ou uma declaração, mas em uma pessoa, na relação com Jesus. E foi muito emocionante, porque a igreja onde celebramos, estava perto do lugar onde o próprio Pedro deu seu testemunho final”, a Basílica de São Pedro do Vaticano.

Bento XVI falou sobre como as portas do inferno não prevaleceriam. “A Igreja é sempre o jogador frágil, sempre sob o ataque, mas a Igreja sempre sobrevive, porque não é apenas humana, mas é uma entidade divina. A cruz é o caminho à ressurreição. A boa notícia é que o amor de Deus triunfa sobre o mal. O diabo nunca triunfará sobre o bem”, acrescentou.

O círculo dos antigos alunos de teologia do professor Joseph Ratzinger recebe em alemão o nome de “Schuelerkreis”. O grupo se reúne uma vez ao ano desde 1978, depois de ser eleito Arcebispo de Munique na Alemanha e criado Cardeal.

As reuniões continuaram quando o Cardeal Ratzinger passou a trabalhar no Vaticano como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé em 1981, e continuaram durante seu pontificado. Desde ano de sua renúncia à Sé de Pedro em 2013, Bento XVI não participa das reuniões.

Este ano os “Schuelerkreis” se reuniram de 21 a 24 de agosto no Centro Mariapoli de Castelgandolfo, Roma, para aprofundar sobre o tema da “Teologia da Cruz”, e a Missa com Bento foi o encerramento do encontro.

Por sua parte, o Padre Stepahn Horn, antigo aluno de Bento e organizador do “Schulerkreis” deste ano, explicou ao Grupo ACI que "impressionou-me toda a sua homilia. Sua homilia foi como sempre, falou sobre o Evangelho e as leituras do dia".

Atualmente Bento XVI vive retirado na oração no antigo mosteiro de clausura do Vaticano, mais conhecido como Mater Ecclesiae, onde seu irmão mais velho Georg Ratzinger lhe acompanha nestes dias.