Meriam Yahya Ibrahim, a cristã que se salvou da pena de morte no Sudão, chegaria na noite de ontem a New Hampshire (Estados Unidos), após alguns dias de permanência na Itália, onde teve um encontro com o Papa Francisco.

Conforme informou a agência Reuters no dia 31 de julho, o cunhado de Meriam, Gabriel Wani, indicou em conversa telefônica que a jovem mãe de 27 anos tem planejado “decolar em Manchester, New Hampshire, na quinta-feira de noite”.

Como se recorda, depois de uma longa luta judicial, Meriam conseguiu salvar-se da pena de morte que lhe foi imposta pela lei sudanesa por supostamente ter abandonado o Islã e ter se casado com um cristão, apesar de ter demonstrado que desde a sua infância tinha professado o cristianismo.

Assim, logo depois de uma forte campanha internacional –que recolheu mais de 304.000 assinaturas-, foi libertada em 23 de junho. Entretanto, no dia seguinte foi presa no aeroporto quando tentava sair do país com sua família com destino aos Estados Unidos. Desta vez as autoridades sudanesas a acusavam de falsificar os documentos com os quais viajaria.

Devido à nacionalidade norte-americana do marido, o departamento de estado dos Estados Unidos interveio no caso. Logo depois de ser libertada sob fiança, Meriam se refugiou com sua família na embaixada dos Estados Unidos.

Posteriormente, instalada em uma casa onde estava segura, a mulher contou à rede CNN o drama que viveu ao dar a luz a sua filha no cárcere. “Só conseguia pensar nos meus filhos e em como ia ser o parto. O que mais me assustava era a ideia de dar à luz na prisão”. “Eu dei à luz acorrentada pelas pernas”, disse Meriam em sua entrevista.

Seu marido é cidadão do Sudão do Sul, país de maioria cristã que se separou do Sudão –de maioria muçulmana-, logo depois de uma longa guerra civil. “A embaixada do Sudão do Sul assumiu a responsabilidade e entregou-me os documentos. É meu direito usá-los e ter um passaporte do Sudão do Sul porque meu marido é um cidadão desse país. Ele tem um passaporte norte-americano e um do Sudão do Sul”, relatou Meriam à CNN.

A princípios de julho, o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi mencionou o caso de Ibrahim em seu discurso ao inaugurar a presidência semestral da União Europeia. "Se não houver uma reação europeia não podemos nos sentir dignos de nos chamar 'Europa'”, expressou.

Assim, em 24 de julho, Meriam conseguiu sair com a sua família rumo à Itália. Nesse mesmo dia teve um encontro com o Papa Francisco, que agradeceu a Meriam e a sua família pelo testemunho corajoso de perseverança na fé que mostraram.

Por sua parte, Meriam agradeceu ao Papa o grande apoio e o alento recebido, tanto por sua oração como a dos numerosos crentes e pessoas de boa vontade.