O Arcebispo da Santa Cruz, Cardeal Julho Terrazas assinalou  que “a eleição do novo Papa não se fará mediante arranjos políticos” e pediu aos meios e a população em geral para que a mesma “não seja analisada com a terminologia da politicagem barata”.

“É bom  ter isto presente, para não confundir os espaços ou termos com os que estamos acostumados a nos dirigir em nossas sociedades”, explicou.

Antes de viajar ao Vaticano para assistir aos funerais do Papa João Paulo II e ao conclave de qual surgirá o novo Pontífice, o Cardeal assinalou que não levará nenhuma proposta à reunião que decidirá a eleição do novo Santo Padre. “Minha petição não é nenhuma, porque não fazemos arranjos. Veremos por onde nos empurra o espírito que rege, governa e constrói nossa Igreja”, adicionou.

O cardeal Terrazas sustentou também que no próximo Conclave sem dúvida haverá intercâmbio de opiniões e os cardeais já estão analisando no Vaticano os problemas atuais do mundo e os desafios da Igreja diante dos mesmos.

“Há uma realidade globalizada. Interessa-nos que essa globalização não seja somente  no aspecto econômico, ou naquilo nitidamente humano, mas sim uma globalização total, integradora onde reine a esperança, onde se possa devolver sempre a todos a vontade de seguir vivendo”, concluiu.

 

Núncio em Cuba recorda ao Castro pedidos de liberdade do Papa para a ilha

O Núncio Apostólico em Havana, Dom Luigi Bonazzi, recordou ante o Fidel Castro os pedidos do Papa João Paulo II de maior liberdade e diálogo “entre todos os grupos que integram o povo cubano”.

O Arcebispo disse estas palavras durante a visita que Castro realizou à sede da Nunciatura, onde assinou o Livro de Condolências pelo falecimento do Papa. Em seu discurso, Dom Bonazzi rememorou algumas das expressões do João Paulo II durante sua visita a Cuba em 1998.

“Que Cuba se abra com todas suas magníficas possibilidades ao mundo e que o mundo se abra a Cuba”, recordou o Núncio. Destacou que depois da visita à ilha, João Paulo II “ficou profundamente impressionando, assombrado, pela admirável manifestação de afeto que recebeu do povo cubano”.

Assim, Dom Bonazzi assinalou que durante a apresentação do novo embaixador de Cuba ante a Santa Sá, em janeiro passado, o Papa expressou as demandas da Igreja no país e a necessidade de um maior diálogo entre as partes.

Por sua parte, o Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega, afirmou durante a Missa celebrada na Catedral em honra ao Santo Padre, que João Paulo II chegou a Cuba “como mensageiro de verdade e esperança”. Adicionou que o Papa foi um homem que “trabalhou sem descanso pela paz no mundo” e um “apaixonado da verdade”.

“A Igreja e o mundo perdem a um homem referencial em sua firme postura ética e em sua capacidade de olhar a hora presente da humanidade com misericórdia”, afirmou.

Destacou que o Papa foi um grande comunicador, apesar de que na Polônia, seu país natal e então controlado pelo regime comunista, “não teve possibilidade de acesso aos meios de comunicação a não ser em raras ocasiões”.

Do mesmo modo, ao cumprimentar o Castro, o Cardeal lhe expressou a “gratidão” da Igreja “pelo modo tão sentido com que foi acolhido o falecimento” do Pontífice.

A Catedral esteve abarrotada por milhares de fiéis, assim como por autoridades do regime cubano.

Previamente, durante sua visita à Nunciatura, Fidel Castro qualificou ao Papa de “incansável batalhador pela amizade entre os povos, inimigo da guerra e amigo dos pobres”. “Nos dói sua partida, inesquecível amigo, e desejamos com ardor que seu exemplo perdure”, escreveu no Livro de Condolências.

São poucas as ocasiões em que Castro participa de uma Missa pública, a anterior foi 25 de janeiro de 1998, presidida pelo João Paulo II na Praça da Revolução.