Quando muito cedo de manhã se escuta na Casa Santa Marta o barulho das teclas de uma máquina de escrever, é sinal de que o Papa Francisco já iniciou o seu trabalho. O Santo Padre “acorda às quatro e meia da manhã, prepara-se, reza até as sete na Santa Marta e logo celebra a missa. Depois, o café da manhã, e recebe em audiência no Palácio Apostólico até meio-dia”. Assim assinala ao jornal L’Osservatore Romano (LOR), seu ex-porta-voz em Buenos Aires, Guillermo Marcó.

O Pontífice não usa nenhum tipo de aparelhos eletrônicos para realizar seu trabalho, faz os seus escritos através de uma máquina de escrever antiga. O Papa não deixou seu estilo austero que continua surpreendendo o mundo, sobretudo, os jornalistas.

Marcó disse ao LOR que o Santo Padre trabalha muito “passa a tarde na Santa Marta, até as nove, quando vai dormir. Santa Marta é uma residência construída originalmente para que os cardeais possam estar cômodos durante o conclave. Francisco mora lá com os seus secretários. No seu quarto há uma escrivaninha e um banheiro”.

Indicou que “no Vaticano estão surpreendidos por sua capacidade de trabalho. Lembro-me de uma frase que me disse há um ano quando foi embora daqui: ‘Nunca perdi a paz’”.

Marcó destacou a maneira de trabalhar do Santo Padre, já que ele por oito anos trabalhou junto com Jorge Mario Bergoglio quando era Arcebispo de Buenos Aires. Disse também que “o Papa tem essa autoridade e sabe impô-la. Por exemplo, quando designou os novos cardeais, disse-lhes que recordem que não são príncipes, mas servidores. Ser cardeal não é um privilégio, mas um compromisso maior, com maior responsabilidade e trabalho”.

Recordou também que “eu estava com ele quando foi criado cardeal (em 2001). Havia grandes delegações que chegavam com um grande séquito. E depois as festas, que eram majestosas. Mas este Papa está marcando o fim da corte pontifícia”.

Sobre o pensamento do Papa Francisco disse que “insiste muito sobre a misericórdia. Não quer mudar a doutrina, é um homem conservador, mas mudará a forma de aproximar-se a um problema. A condenação em si mesma não serve, é preciso aproximar-se às pessoas sem ser muito rígidos nem permissivos”.

Ao referir-se ao encontro que teve com o Papa Francisco no dia 27 de fevereiro deste ano, respeito à viagem a Terra Santa no próximo mês de maio, Marcó indicou que “fomos uma delegação de 45 pessoas composta por 15 judeus, 15 muçulmanos e 15 católicos que tínhamos visitado os mesmos lugares onde estará ele: Belém, Jerusalém e Jordânia”.

Marcó estimou que o Pontífice tenha o mesmo objetivo quanto ao diálogo, porque realiza “ações conjuntas que não são para discutir teologia. O Papa Francisco sabe bem que as relações não costumam dar certo se se discute de política ou de teologia”.