O diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, falou nesta sexta-feira sobre o desenvolvimento da segunda sessão do consistório extraordinário sobre a família, do qual participam 150 cardeais. Na mesma ocasião foi divulgado o nome de Dom Raymundo Damasceno, cardeal arcebispo de Aparecida (SP), para ser um dos três cardeais que formam a presidência do Síndo.

Na tarde de ontem houve 43 intervenções, e está previsto que estas continuem hoje pois há muitos cardeais inscritos para falar. “Não sabemos se todos poderão intervir  -precisou o P. Lombardi-. Alguns darão sua contribuição por escrito, para que se incorpore às atas e possa ser útil para a reflexão comum para o próximo Sínodo”.

Entre os temas abordados destaca-se a concepção da família segundo a perspectiva antropológica cristã e sua valorização no contexto da cultura secularizada que possui uma concepção distinta da família, da sexualidade e da pessoa e na qual o enfoque cristão se encontra às vezes em dificuldade.

“A reflexão não se desenvolveu em um clima de lamentações -esclareceu Lombardi- mas sim de realismo, de constatar a dificuldade cristã em uma cultura que vai, prevalentemente, em outra direção”.

Também se tratou o problema dos divorciados que se tornaram a casar pelo direito civil e falou-se dos procedimentos de nulidade para melhorá-los e simplificá-los.

“Sobre a admissão aos sacramentos dos divorciados que se tornaram a casar as intervenções foram amplas e profundas, embora não tenha havido nem decisões nem pronunciamentos a respeito”, particularizou.

“Aqui tampouco o clima foi que tensão ou de ansiedade, mas muito positivo, de discernimento, de busca conjunta do caminho para conjugar da melhor forma possível a fidelidade às palavras de Jesus com a misericórdia divina e a atenção às situações concretas, sempre com grande sensibilidade”, sublinhou o diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé.

Do mesmo modo, indicou que citou-se várias vezes a “Teologia do corpo” enunciada por João Paulo II, assim como a encíclica “Familiaris consortio”, e o Catecismo da Igreja Católica”, também obras do pontificado do beato Papa. Outra questão foi a pastoral da família em diversos âmbitos, insistindo sobre tudo, na preparação ao matrimônio e na espiritualidade conjugal e familiar.

O Pe. Lombardi reiterou que embora não terei que esperar do consistório uma orientação unitária, houve uma introdução alentadora à tarefa do Sínodo, de trabalhar com a mesma amplitude de horizontes, estando em bom caminho para progredir na resposta pastoral da Igreja às esperanças, muito sentidas, no âmbito das famílias.

Por último, os cardeais debateram sobre contextos específicos da pastoral familiar, como a imigração ou a ignorância religiosa.

Neste marco, o Papa anunciou o nome dos três presidentes do Sínodo sobre a Família: os cardeais André Vingt Trois, arcebispo de Paris (França), Luis Antonio G. Tagle, arcebispo da Manila (Filipinas) e Raymundo Damasceno Assis, arcebispo da Aparecida (Brasil). Três representantes de três Continentes.