O Bispo de Bangassou (República Centroafricana), Dom Juan José Aguirre e outros sacerdotes neste país pediram que neste Natal fiéis de todo o mundo rezem uma novena pela paz no país que desde o mês de março deste ano  vem sofrendo uma grave situação de violência marcada pelos sequestros, torturas, execuções em massa e saqueios por parte da guerrilha islâmica Séleka, conhecida por abduzir meninos e torna-los guerrilheiros.

Após o golpe de estado na República Centro-Africana, em 24 de Março, tornou-se mais difícil para as crianças-soldado ugandesas – raptadas para ingressarem nos grupos rebeldes que atuam naquele país, como o Exército de Libertação do Senhor (LRA) – regressarem à sua terra natal.

O Prelado espanhol, assim como muitos presbíteros da região enfrentam dia a dia o perigo que se vive nas ruas por causa dos tiroteios e enfrentamentos de diversas índoles, e assistem milhares de pessoas que em busca de refúgio chegaram às diferentes paróquias e comunidades missionárias e pedem as orações de todos os cristãos no ocidente e toda a ajuda material possível.

Por outra parte, Monsenhor Cosmas Alule, reitor do seminário sacerdotal nacional de Alokolum, no norte de Uganda, em declarações à Fundação Pontificia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), afirma que o problema é que os rebeldes Séléka, que chegaram ao poder na República Centro-Africana depois do golpe de estado, têm “muita simpatia para com o líder do LRA, Joseph Kony”, e expulsaram as tropas do Uganda estacionadas nesse país. Desde então, tornou-se mais difícil a fuga das crianças-soldado.

Atualmente, a situação em Uganda melhorou muito, reconhece o reitor, “e as pessoas já não têm medo”, como nos tempos da guerra civil, mas o LRA continua “muito ativo, especialmente na República Centro-Africana e no Sudão”, explica Monsenhor Cosmas, recordando os anos em que a região onde se situa o seminário foi “duramente afectada” pelos combates.

Durante esse período, especialmente entre os anos de 1988 e 2008, era prática corrente, por parte de grupos armados, o rapto de crianças para o ingresso em seus "exércitos". Estimativas das Nações Unidas apontam para cerca de 30 mil crianças raptadas, essencialmente pelo LRA, só no norte de Uganda durante o conflito. Os rapazes raptados eram convertidos em soldados e as meninas em escravas sexuais.

Monsenhor Cosmas Alule recordou ainda à AIS o ataque ao seminário menor da diocese de Gulu, ocorrido no dia 11 de Maio de 2003, em que 41 seminaristas foram raptados. Ao fim de uma década, continuam desaparecidos 12 desses jovens, não havendo qualquer informação sobre o seu paradeiro. No entanto, diz o reitor, “ainda há esperança de que algumas destas crianças-soldado possam regressar”.