O Papa Francisco concedeu uma nova entrevista na qual falou, entre outros importantes tema, sobre o Natal e o fato de que esta será a primeira vez que celebrará a solenidade como Bispo de Roma e Sucessor de São Pedro.

A entrevista foi feita pelo jornalista italiano Andrea Tornielli do diário italiano La Stampa e do site Vatican Insider, na terça-feira 10 de dezembro e foi publicada neste sábado 14.

O Papa assinala que para ele o Natal "é o encontro com Jesus. Deus sempre buscou o seu povo, guiou-o, custodiou-o, prometeu que estará sempre perto dele. No Livro do Deuteronômio lemos que Deus caminha conosco, nos guia pela mão como um pai com seu filho. Isto é lindo. O Natal é o encontro de Deus com seu povo. E também é uma consolação, um mistério de consolação".

"Muitas vezes, depois da missa de Véspera de natal, passava algumas horas sozinho, na capela, antes de celebrar a missa da aurora, com um sentimento de profunda consolação e paz. Lembro especialmente uma vez aqui em Roma, acredito que era Natal de 1974, em uma noite de oração após da missa na residência do Centro Astalli. Para mim o Natal sempre foi isto: contemplar a visita de Deus a seu povo".

O Papa disse logo que o Natal "nos fala da ternura e da esperança. Deus, ao encontrar-se conosco, diz-nos duas coisas. A primeira: tenham esperança. Deus sempre abre as portas, não as fecha nunca. É o Pai que nos abre as portas. Segunda: não tenham medo da ternura. Quando os cristãos se esquecem da esperança e da ternura se tornam uma Igreja fria, que não sabe onde ir e se envolve nas ideologias, nas atitudes mundanas".

Na pergunta sobre o Natal em meio ao sofrimento e à miséria, especialmente no caso das crianças, o Santo Padre disse que "o Natal não foi uma denúncia da injustiça social, da pobreza, mas um anúncio de alegria. Todo o resto são conclusões que nós tiramos. Algumas corretas, outras menos e outras mais ideologizadas. O Natal é alegria, alegria religiosa, alegria de Deus, interior, de luz, de paz".

"Quando não se tem a capacidade ou se está em uma situação humana que não te permite compreender esta alegria, vive-se a festa com alegria mundana. Mas entre a alegria profunda e a alegria mundana há muita diferença".

Francisco ressaltou que "Deus nunca dá um dom a quem não é capaz de recebê-lo. Se nos oferece o dom do Natal é porque todos temos a capacidade para compreendê-lo e recebê-lo. Todos, desde o mais santo até o mais pecador, do mais limpo até o mais corrupto. Inclusive o corrupto tem esta capacidade: coitado, a tem um pouco oxidada, mas a tem".

Tornielli perguntou ao Papa se “há um ano ele teria imaginado que o Natal de 2013 celebraria (como Papa) na Basílica de São Pedro?". O Santo Padre respondeu com sua acostumada transparência: "De maneira alguma".