O porta-voz da Conferência Episcopal da África do Sul, Padre Similo Mngadi, assegurou esta manhã que a morte do Nelson Mandela, foi uma grande perda para todo mundo e também para os católicos do país.

"Mandela fazia que as pessoas se sentissem humanos e quisessem ser humanos. Para os católicos e a conquista de sua liberdade, pode-se defini-lo com uma palavra: Reconciliação. Ele era um ponto de coesão. Foi um homem bom que soube unir a todos", declarou no dia 6 de dezembro o Pe. Mngadi a ACI Digital.

Aos 95 anos de idade, a vida de Mandela terminou ontem em sua casa em Johanesburgo, às 20h50 depois de passar cinco meses internado em um hospital de Pretoria por causa de uma infecção pulmonar.

"A morte comoveu o povo inteiro, ele era um ícone para todo mundo, e trabalhou no passado com vários cardeais da Igreja Católica e seguiu trabalhando até nossos dias", acrescentou o porta-voz da Conferência Episcopal.

Efetivamente, Mandela foi um grande amigo de um sacerdote católico que chegou a ser nomeado Arcebispo de Cidade do Cabo, Dom Stephen Naidoo, falecido em 1989.

Mandela sentou as bases de uma nova democracia no país sul-africano, por ser o líder da luta pela abolição do apartheid, o sistema de segregação racial em vigor na África do Sul até 1993.

Depois de estar preso por mais de 27 anos cumprindo uma condenação que inicialmente era de prisão perpétua, Mandela foi liberado, recebeu o Prêmio Nobel da Paz e foi eleito democraticamente Presidente da África do Sul entre os anos 1994 e 1999, dedicando a maior parte de seu mandato à reconciliação nacional.

Em uma carta enviada do cárcere em 1984 ao seu amigo, o Bispo de Naidoo, Mandela reconhecia que o compromisso da Igreja Católica com os direitos humanos e nos assuntos de justiça social serviram-lhe de inspiração durante o cativeiro.

No dia 16 de setembro de 1995 o Papa João Paulo II visitava o presidente Mandela em Johannesburgo, e três anos mais tarde o mandatário sul-africano devolveu a visita ao Beato Wojtyla indo ao Vaticano. Em ambos os encontros Mandela se referiu ao Beato João Paulo II como "meu irmão".