O Presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli, considera que a primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho), lembra as conversas entre Jesus e São Pedro, o primeiro Pontífice da história.

O Papa Francisco na Evangelii Gaudium "me recorda o episódio do Evangelho no qual Jesus diz a Pedro: ‘Pedro, eu, rezei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, quando tiveres voltado para Mim, fortalece os teus irmãos’. Pois bem, a tarefa do Papa Francisco como a nossa, é confirmar os irmãos na fé", explicou Dom Celli em 26 de novembro em uma entrevista concedida ao Grupo ACI no Vaticano.

"Acho que esta Exortação Apostólica se situa na grande preocupação que hoje o Papa Francisco está dando à Igreja. O Papa Francisco convida a Igreja a assumir uma atitude de encontro, de ir ao encontro do homem e da mulher de hoje e demonstrar a estes homens e mulheres o amor do Pai, assim como se caracterizou na vida, nos ensinamentos, na morte e ressurreição de Jesus", acrescentou.

A autoridade vaticana assegurou que com o texto o Papa foge de todo proselitismo e busca ser exemplo para o homem com a ação e a palavra.

"Nós não falamos de proselitismo, temos que ser missionários anunciando com o testemunho de vida, e se for necessário também usar as palavras e explicar quem é Jesus para nós", e "o Papa convida a ter valor, a ter coragem, a ter este impulso missionário para isto", acrescentou.

Dom Celli considerou que com a Evangelii Gaudium o Papa devolve a alegria intrínseca que deve levar o anúncio do Evangelho: "Tem umas partes muito simpáticas na Evangelii Gaudium. Diz que muitos cristãos parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa, e que há muitos evangelizadores que têm cara de funeral. E isto não pode ser, é necessário redescobrir para todos a alegria de estar com Jesus, da profunda conversão, de sentir-nos amados pelo Pai e viver em plenitude esta conversão".

"A alegria é a primeira dimensão da Evangelii Gaudium que me parece a mais importante, a alegria do Evangelho, porque é indubitável que muitas vezes a vida, as dificuldades, as mil preocupações não ajudam o homem a experimentar a alegria de viver com Jesus e de ter recebido Jesus no próprio caminho existencial", expressou.

"Como sabem, na última ceia Jesus disse a seus discípulos: digo-lhes estas coisas para que minha alegria esteja em vós e minha alegria seja plena e o Papa recorda a todos que desde o começo, o anúncio de Jesus esteve marcado pela alegria".

O Arcebispo Celli resgatou do texto que a fé não se pode levar a meias ou com peso, mas tem que ser uma fé alegre, cheia de alegria por ter encontrado o Senhor.

Além disso, também assinalou que com este texto o Santo Padre se mescla totalmente entre os fiéis para expressar seu coração de pastor: "o coração de um homem que caminha entre nós. Sim, é certo que é o Bispo de Roma, é o Sucessor de Pedro, mas compartilha conosco o caminho, é nosso pastor, nosso guia", disse.

"Acho que isso é um ponto fundamental, a Igreja existe para anunciar o Evangelho, para anunciar Jesus, e hoje é necessário fazê-lo sabendo em que cultura e situação de vida vive o homem de hoje, o Papa quer que a Igreja saiba dialogar, saiba caminhar, e saiba expressar sua simpatia pelo ser humano e estabelecer com ele um diálogo respeitoso para anunciar Jesus Cristo", concluiu.

A exortação apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco em espanhol tem uma extensão de 142 páginas e está dividida em uma introdução e cinco capítulos: "A transformação missionária da Igreja", "Na crise do compromisso comunitário", "O anúncio do Evangelho", "A dimensão social da Evangelização" e "Evangelizadores com espírito".

A Evangelii Gaudium foi apresentada na Sala de Imprensa do Vaticano por Dom Celli, Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização, e pelo Secretário Geral do Sínodo dos Bispos, Dom Lorenzo Baldisseri.