O presidente da Liga Católica de Direitos Civis e Religiosos dos Estados Unidos, William Donohue, pediu aos católicos que não se assustem "com o que diz o Papa Francisco", depois da sua recente entrevista com a revista jesuíta Civiltà Cattolica, pois o Santo Padre "não está a ponto de dar a volta na Igreja Católica e coloca-la no caminho contrário. Dizer isto é uma loucura".

O texto da entrevista foi manipulado por diversos meios de comunicação tentando apresentar o Santo Padre como oposto à luta pró-vida e pró-família, concretamente nos temas do aborto e da homossexualidade, gerando confusão tanto em católicos como em não católicos.

Em uma coluna de opinião publicada pela CNN, Donohue assinalou que "nunca na minha vida vi um Papa que tenha tido tanto êxito e de uma forma tão rápida em fazer que tanto os católicos como os não católicos se ‘hiperventilem’ como o Papa Francisco está fazendo... Todos precisam tranquilizar-se".

O líder católico norte-americano indicou que o Santo Padre "é maravilhosamente franco; isto é o que o faz verdadeiramente profundo. Também é provocador no melhor sentido da palavra. Busca desafiar-nos e tirar-nos da nossa zona de conforto".

Para Donohue, fazendo referência às manipulações que as declarações do Santo Padre sofreram nas mãos da imprensa secular, "não há nada novo no fato de que se distorça, fora de contexto, o que uma pessoa famosa disse; isto é exatamente o que ocorre atualmente com o Papa Francisco".

"A alerta de últimas notícias do New York Times disse: ‘O Papa culpa diretamente à Igreja por sua obsessão com a comunidade gay e o aborto’", recordou, indicando que "na alerta da Times se lê que o Papa discute como a ‘Igreja Católica Romana se 'obcecou' cada vez mais na sua pregação sobre o aborto, o matrimônio homossexual e a contracepção" e que também recebeu críticas por fazê-lo.

"Também o cita dizendo que a Igreja Católica deveria ser ‘um lar para todos’ e não uma ‘pequena capela’ que se ‘enfoca na doutrina, ortodoxia e uma limitada agenda de ensinamentos morais’".

O presidente da Liga Católica de Direitos Civis e Religiosos assinalou que "quanto às declarações do Papa sobre o aborto e o matrimônio homossexual, o que disse é: ‘Não podemos insistir unicamente nos assuntos relacionados com o aborto, matrimônio homossexual e o uso de métodos anticoncepcionais. Isto não é possível’. Também disse, ‘quando falamos destes assuntos, temos que falar deles dentro de um contexto’. O que o Papa disse tem muito sentido comum".

"Por exemplo, quando me tornei presidente da Liga Católica há 20 anos, visitei as fraternidades na nação e descobri que muitas eram entidades com apenas um tema", recordou Donohue, assinalando que "algumas se enfocavam exclusivamente no aborto; outras estavam obcecadas com a homossexualidade: e outras pediam que nos concentrássemos unicamente na ética médica".

"Eu compartilhava muitas das suas preocupações, mas também lhes disse que estamos em uma organização contra a difamação e que não deveríamos nos preocupar com outras coisas, não importava quão nobres sejam".

Para o líder católico, "o Papa tem razão em relação aos católicos de apenas um tema que devem sair de suas preocupações imediatas".

"Não disse que deveríamos evitar abordar o aborto ou a homossexualidade; simplesmente disse que não podemos nos deixar absorver por estes temas. Ou por qualquer outro".

Donohue, além disso, qualificou como "inexato" um artigo de Laurie Goodstein no New York Times, no que a jornalista assegurou que os Bispos dos Estados Unidos sentirão o efeito dos comentários do Papa, pois dão a entender que "a prioridade mais alta de sua política pública é combater o aborto, o matrimônio homossexual e a anticoncepção".

O presidente da Liga Católica de Direitos Civis e Religiosos destacou que "não foram os bispos os que fizeram que estes temas sejam prioritários, foi a administração de Obama".

"Seria mais exato dizer que o Papa criticaria os bispos se estes não resistissem à usurpação do Estado no direito à liberdade de religião dos católicos", assegurou.

Donohue disse que "sem sombra de dúvidas, o Papa Francisco rechaça o aborto e o matrimônio homossexual. Em outras partes disse: ‘O problema moral do aborto tem uma natureza pré-religiosa porque o código genético da pessoa já se encontra presente no momento da concepção. Já existe o ser humano’".

De maneira similar, assinalou Donohue, o Papa "fala sobre a sua oposição ao matrimônio homossexual que ‘não se baseia na religião, mas se baseia na antropologia’".

"O Papa Francisco quer que nos oponhamos ao aborto. Também quer que nos aproximemos daquelas mulheres que estão considerando fazer-se um, e que ajudemos aquelas que já o fizeram para que façam as pazes com Deus (é por isso que a Igreja Católica tem o Projeto Raquel)".

O líder católico ressaltou que o Santo Padre "quer que nos oponhamos ao matrimônio do mesmo sexo. Também quer que não rechacemos as lésbicas e os homossexuais porque o sejam. Este é um são ensinamento católico".

"Parabéns ao Papa Francisco", concluiu.