O Conselho de Direitos Humanos da ONU recebeu da organização UN Watch o pedido formal para que se realize uma investigação internacional que esclareça a morte de Oswaldo Payá e Harold Cepero; apesar das tentativas das delegações cubana e chinesa de interromper o testemunho de Ofelia Acevedo que também chamou o regime cubano a respeitar sua Constituição e convocar o plebiscito exigido pelos assinantes do Projeto Varela.

Acevedo foi nesta terça-feira à sede da ONU em Genebra (Suíça), convidada por UN Watch, uma organização não governamental de direitos humanos. Entretanto, seu discurso foi interrompido primeiro por Cuba e logo pela China, que tentaram que a viúva do líder dissidente não continuasse com seu testemunho.

Entretanto, o representante dos Estados Unidos exigiu respeitar o direito de UN Watch e de Ofelia Acevedo a expor seus argumentos, algo que foi acolhido pelo presidente da Assembleia, que anulou a objeção de Cuba.

As perseguições continuam em Cuba

"Mais quantos opositores pacíficos deverão morrer em condições suspeitas para que o mundo decida investigar as ações do governo cubano contra seus próprios cidadãos?", perguntou Acevedo Maura no seu discurso na Suíça em referência à morte de seu marido e de Harold Cepero, falecidos em 22 de julho de 2012 em um fato onde –de acordo com os testemunhos recolhidos pelo MCL-, participou um automóvel com matrícula do regime cubano.

Nesse sentido, Ofelia Acevedo assinalou que a relatoria de crimes extrajudiciais da ONU "possui uma demanda formal para que se investigue o atentado" que terminou com a vida de ambos os dissidentes.

Além disso, denunciou que sua família e os membros da oposição sofrem "a perseguição da Segurança do Estado do Governo cubano".

"Faz apenas três meses Werlando Leiva do Movimento Cristão Libertação (MCL) foi atacado a facadas em plena rua por causa de seu trabalho pacífico em favor do plebiscito e dos direitos humanos na ilha. Ele é pai de três filhos. Provavelmente nunca recupere a total mobilidade da sua mão direita", denunciou.

Nesse sentido, recordou também o caso de Yosvani Melchor Rodríguez, um jovem com deficiência mental que "já está há três anos na prisão" como "castigo" contra a sua mãe por ter-se negado a abandonar o MCL e colaborar com a Segurança do Estado.

"Que Cuba respeite a sua Constituição"

Em seu discurso, Acevedo Maura também se referiu ao Projeto Varela promovido pelo seu marido e que conta com o apoio "de mais de 25.000 cidadãos, que desafiaram a repressão para exigir mudanças legais que garantam a liberdade de expressão, a liberdade de associação, as eleições livres, a liberdade de presos políticos não violentos e o direito à propriedade de empresas privadas".

Entretanto, denunciou que "o Governo se negou até agora a realizar um plebiscito, e prendeu à maioria dos seus líderes". "O Governo cubano viola a sua própria constituição para manter o povo oprimido", expressou a esposa de Payá, ao assinalar que os cubanos têm direito a participar da vida política de seu país.

"Peço a esta casa que peça ao governo cubano que respeite a sua própria constituição e a declaração Universal dos Direitos Humanos e responda ao chamado de plebiscito dos cidadãos cubanos", assinalou.