O Papa Francisco enviou suas reflexões aos participantes e organizadores da 34ª edição do Encontro de Rimini para a Amizade entre os Povos, um ato sobre cultura, política, religião e arte, que se realiza todos os anos desde 1980 na cidade balneária italiana de Rimini. O Santo Padre assegura aos participantes no encontro que "o poder teme os homens que dialogam com Deus, porque isso os torna livres e não assimiláveis".

O Encontro de Rimini que neste ano tem por título "Emergência homem", é organizado pelo movimento eclesial católico Comunhão e Libertação, e propõe uma reflexão e confrontação aberta sobre diversos temas, através de uma grande quantidade de encontros, debate, exposições, eventos musicais, literários e esportivos. Dura uma semana e se realiza na segunda quinzena de agosto, o mês central das férias de verão na Europa e passa mais de um milhão de pessoas pelo Encontro.

Na abertura participou o primeiro-ministro italiano Enrico Letta, e o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, enviou uma mensagem em vídeo conferência.

A carta enviada pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, leva "a cordial saudação do Santo Padre Francisco" aos organizadores e participantes do Encontro, e indica que "o tema eleito ‘Emergência homem’, suscitou diversas considerações do Papa Francisco que reporto a seguir":

"O homem é o caminho da Igreja" e esta verdade permanece válida no nosso tempo em que a Igreja se encontra "em um mundo sempre mais globalizado e virtual, em uma sociedade cada vez mais secularizada e privada de pontos de referência estáveis". E, portanto, deve "redescobrir a sua própria missão".

O Santo Padre reconhece que "o homem é um mistério", que "é caminho da Igreja porque é o caminho percorrido pelo próprio Deus", que desde os começos da humanidade, depois do pecado original coloca-se à procura do homem.

Acrescenta que "sem passar através de Cristo" não entenderemos nada do mistério do homem. Ou quando "nos aproximarmos dos nossos irmãos" seremos "como aqueles ladrões e salteadores de que fala Jesus no Evangelho".

Também o mundo, "o poder econômico, político, midiático precisa do homem para perpetuar a si mesmo", indica o Papa em sua reflexão. "Para isso precisa procura manipular as massas, induzir desejos, apagar aquilo que de mais precioso o homem possui: o relacionamento com Deus".

E precisa: "o poder teme os homens que estão em diálogo com Deus, porque isso os torna livres e não assimiláveis".

Aqui está "a emergência-homem que o Encontro para a Amizade entre os Povos coloca este ano no centro da sua reflexão: a urgência de restituir o homem a si mesmo, à sua altíssima dignidade, à singularidade e preciosidade de toda a existência humana desde a concepção até o término natural".

E o Papa assegura que "a Igreja, à qual Cristo confiou a sua Palavra e os seus Sacramentos, protege a maior esperança, a mais autêntica possibilidade de realização para o homem, em qualquer latitude e em qualquer tempo".

"Vamos ao encontro de todos, sem esperar que sejam os outros a nos procurar!", convida o papa Francisco e acrescenta: "Imitemos nisso o nosso divino Mestre, que deixou o seu céu para fazer-se homem e estar próximo a cada um. Não somente nas igrejas e nas paróquias, mas em cada ambiente levemos o perfume do amor de Cristo. Nas escolas, nas universidades, nos locais de trabalho, nos hospitais, nos presídios; mas também nas ruas, nas estradas, nos centros esportivos e nos locais onde as pessoas se encontram".

"Não sejamos mesquinhos em doar aquilo que nós mesmos recebemos sem mérito algum! Não devemos ter medo de anunciar Cristo nas ocasiões oportunas bem como naquelas inoportunas, com respeito e com franqueza".