A primeira Encíclica do Papa Francisco - iniciada pelo Bispo emérito de Roma Bento XVI - foi lançada hoje para ajudar a fortalecer a fé dos católicos em todo o mundo. Por sua parte, o Cardeal Marc Ouellet, membro da Cúria Romana, afirmou que "juntos, eles mostram a beleza da fé da Igreja, a fé que é confessada dentro do corpo de Cristo, na comunhão concreta dos crentes".

"É com grande alegria e gratidão que nós acolhemos esta íntegra profissão de fé, na forma de catequese, escrita a quatro mãos pelos sucessores de Pedro", disse o Cardeal  Marc Ouellet em conferência de imprensa, no Vaticano, na manhã de hoje, 05 de julho.

"Juntos, eles mostram a beleza da fé da Igreja, a fé que é confessada dentro do corpo de Cristo, na comunhão concreta dos crentes", acrescentou.

A encíclica - chamada “Lumen Fidei” ou "Luz da fé" - foi apresentada em uma conferência de imprensa, na Santa Sé, com a participação do Cardeal Ouellet, do Arcebispo Gerhard L. Mueller e do arcebispo Rino Fisichella.
Durante o lançamento, em uma sala cheia de jornalistas, o Arcebispo Mueller explicou que o documento tem apenas a assinatura do Papa Francisco, porque "a Igreja só tem um Papa".

"O Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a «confirmar os irmãos» no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho," diz o Papa Francisco na introdução da Encíclica.

Nela, ele expressa estar "profundamente agradecido" a seu antecessor por ter quase concluído um primeiro esboço da Encíclica, "pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança."

"E, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto qualquer nova contribuição", escreve o Papa Francisco na introdução.

Antes do lançamento da Encíclica escrita "a quatro mãos", o Santo Padre foi aos Jardins do Vaticano abençoar a nova estátua de São Miguel Arcanjo, juntamente com Bento XVI. A estátua foi abençoada "a quatro mãos" para consagrar ao Vaticano à proteção do Arcanjo.

O lançamento da Encíclica da fé - dividida em quatro capítulos, uma introdução e uma conclusão - coincide com o Ano da Fé da Igreja e o 50° Aniversário do Concílio Vaticano II.

O primeiro capítulo é intitulado "Acreditamos no Amor" e explica a fé como "escutar" o mundo de Deus, particularmente que ele nos chama a vê-lo como o pai e não como um estranho.

Também destaca Jesus como uma "testemunha fiável" e que nos chama a participar "do seu modo de ver" e nos abrir para o amor que transforma por dentro.

"A fé não é um facto privado, uma concepção individualista, uma opinião subjetiva," adiciona o Papa no primeiro capítulo.

O segundo capítulo, chamado "Se não acreditardes, não compreendereis", mostra a ligação entre fé e verdade e entre fé e amor.

"O crente não é arrogante; pelo contrário, a verdade torna-o humilde, sabendo que, mais do que possuirmo-la nós, é ela que nos abraça e possui," diz o Pontífice.

"Transmito-vos aquilo que recebi" é o título no terceiro capítulo, que se concentra exclusivamente na importância da evangelização.
"É impossível crer sozinhos," diz o Papa Francisco. "A fé não é só uma opção individual."

O capítulo explica que a fé não é uma relação privada entre o divino "vós" e o "eu," mas sim entre o "nós".

O Papa também escreve sobre a importância dos Sacramentos para a transmissão da fé, especialmente o batismo, a confirmação e a Eucaristia.
O último capítulo foi intitulado "Deus prepara para eles uma cidade," e fala sobre a ligação entre fé e o bem comum.

A encíclica revela que o propósito da fé não é meramente construir a vida após a morte, mas ajudar na edificação da sociedade.
O quarto capítulo também salienta a importância do casamento, entendido entre homem e mulher.

"O 'nós' da família (é) o lugar, por excelência, de transmissão da fé," disse o Cardeal Ouellet concluindo a conferência de imprensa.