Em três meses as cinco escolas cristãs da Faixa de Gaza poderiam não abrir mais suas portas. O Patriarca de Jerusalém dos Latinos, Dom Fouad Twal, informou que uma nova normativa das autoridades palestinas proibiria a partir do próximo mês de setembro as escolas mistas, o que inclui as cinco escolas cristãs da zona, três das quais são católicas.

Conforme informou em 25 de junho o L’Osservatore Romano, a norma entraria em vigor a partir do início do próximo ano escolar, e afetaria aproximadamente 1500 alunos católicos que se dividem na escola católica do Rosário, e nas duas que dependem do Patriarcado Latino.

Segundo uma nota publicada pelo Patriarcado, Dom Twal, deplorou esta iniciativa e manifestou a intenção de ter um encontro com os principais líderes políticos da zona para chegar a uma solução.

Nas escolas públicas da Faixa de Gaza, atualmente se aplica a partir dos nove anos o princípio das turmas separadas –meninos com meninos, meninas com meninas-, e com a nova lei, este princípio se aplicaria também às escolas privadas, todas mistas em Gaza.

Para o Patriarca "tais decisões são uma grande preocupação", já que a nível material criariam um grande problema de logística como, por exemplo, procurar novos espaços, uma nova organização e a reestruturação do professorado. Com efeito, segundo a normativa, também os homens e as mulheres não estão autorizados a ensinar aos alunos de sexo oposto se estes forem maiores de dez anos.

"Além de ter que encontrar espaços adicionais para dobrar os locais, nossas escolas deveriam assumir mais pessoal. Não temos os meios necessários", lamentou.

Dom Twal afirmou que espera discutir as questões com os ministros da Faixa de Gaza, e assinalou que esta decisão "não emana das altas autoridades", mas de "um conselho", por este motivo "tenho a intenção de me apresentar em Gaza, junto ao diretor das escolas na Palestina, o mais rápido possível para encontrar uma solução pelo bem dos alunos".

As escolas católicas na Terra Santa são um meio para ajudar os cristãos a permanecerem na região e, além disso, a Igreja Católica através destas instituições quer ficar a serviço das crianças, em sua maioria muçulmanos, através deste âmbito educativo, cultural e pedagógico.

Além disso, converteram-se em um canal de amizade entre as famílias de Gaza, tanto cristãs como muçulmanas que vivem perto de al-Fatah e de a-Hamas.

"As escolas têm um valor religioso e social de grande importância", e através delas e da presença dos alunos "há um verdadeiro canal de comunicação com os pais", acrescentou o Patriarca.

"Acreditamos na importância da educação nas escolas onde se aprende a abertura aos outros. As crianças que aprendem e brincam juntas na escola, conquistam a virtude do diálogo para o futuro", concluiu.

Por sua parte, o responsável pelas escolas do Patriarcado, Padre Faysal Hijazin, lançou um chamado à comunidade internacional e aos líderes políticos palestinos e assinalou que "chegou o momento de que os parlamentos, as instituições educativas, e todo mundo que trabalha no ensino elevem a voz para dar a conhecer o que poderia ocorrer dentro de pouco em Gaza".

A comunidade católica trabalha "para enriquecer Gaza, abrindo à variedade das culturas. As pessoas mandam seus filhos para as nossas escolas justo porque podem assimilar esta abertura", acrescentou.

Com esta norma, a permanência dos cristãos na terra de Jesus entra em sério perigo, especialmente neste momento em que a comunidade cristã na Terra Santa representa dois por cento da população, uma percentagem que marca um mínimo histórico.