Durante a Missa celebrada pelo Evangelho da Vida, dentro do marco da Jornada da Evangelium Vitae que se celebra em Roma com motivo do Ano da Fé, o Papa Francisco animou os fiéis neste domingo a dar um profundo "sim" à cultura da vida, e um terminante "não" à cultura da morte.

"Digamos sim à vida e não à morte, digamos sim à liberdade e não à escravidão dos numerosos ídolos do nosso tempo; numa palavra, digamos sim a Deus, que é amor, vida e liberdade, e jamais desilude", exclamou o Papa ante os milhares de fiéis congregados em Roma e chegados de todas as partes do mundo para a ocasião.

Com esta Eucaristia o Papa convidou a dar graças ao Senhor pelo dom da vida em todas suas diversas manifestações e a anunciar o Evangelho da Vida, e recordou que "Jesus é a encarnação do Deus Vivo, Aquele que traz a vida fazendo frente a tantas obras de morte, fazendo frente ao pecado, ao egoísmo, ao fechamento em si mesmo. Jesus acolhe, ama, levanta, encoraja, perdoa e dá novamente a força de caminhar, devolve a vida".

O Papa continuou sua meditação, "E que vida é esta? É a própria vida de Deus. E quem nos introduz nesta vida? É o Espírito Santo, dom de Cristo ressuscitado; é Ele que nos introduz na vida divina como verdadeiros filhos de Deus, como filhos no Filho Unigênito, Jesus Cristo. Estamos nós abertos ao Espírito Santo? Deixamo-nos guiar por Ele?".

"O cristão é um homem espiritual, mas isto não significa que seja uma pessoa que vive ‘nas nuvens’, fora da realidade, como se fosse um fantasma. Não! O cristão é uma pessoa que pensa e age de acordo com Deus na vida cotidiana, uma pessoa que deixa que a sua vida seja animada, nutrida pelo Espírito Santo, para ser plena, vida de verdadeiros filhos. E isto significa realismo e fecundidade. Quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo é realista, sabe medir e avaliar a realidade, e também é fecundo: a sua vida gera vida ao seu redor".

O Santo Padre recordou que Jesus nos traz a vida de Deus, e o Espírito Santo nos introduz e nos mantém na relação vital de verdadeiros filhos de Deus. "Mas, com frequência -sabemos por experiência que o homem não escolhe a vida, não acolhe o ‘Evangelho da vida’, mas deixa-se guiar por ideologias e lógicas que põem obstáculos à vida, que não a respeitam, porque são ditadas pelo egoísmo, o interesse pessoal, o lucro, o poder, o prazer, e não são ditadas pelo amor, a busca do bem do outro".

O Papa assinalou que estes caminhos representam "a persistente ilusão de querer construir a cidade do homem sem Deus, sem a vida e o amor de Deus: uma nova Torre de Babel; é pensar que a rejeição de Deus, da mensagem de Cristo, do Evangelho da Vida leve à liberdade, à plena realização do homem. Resultado: o Deus Vivo acaba substituído por ídolos humanos e passageiros, que oferecem o arrebatamento de um momento de liberdade, mas no fim são portadores de novas escravidões e de morte".

Francisco explicou que o homem tende à morte quando se afasta de Deus, "também o rei David quis esconder o adultério cometido com a esposa de Urias, o hitita, um soldado do seu exército, e, para o conseguir, manda colocar Urias na linha da frente para ser morto em batalha. A Bíblia mostra-nos o drama humano em toda a sua realidade, o bem e o mal, as paixões, o pecado e as suas consequências".

"Quando o homem quer afirmar-se a si mesmo, fechando-se no seu egoísmo e colocando-se no lugar de Deus, acaba por semear a morte. Exemplo disto mesmo é o adultério do rei David. E o egoísmo leva à mentira, pela qual se procura enganar a si mesmo e ao próximo. Mas, a Deus, não se pode enganar".

O profeta diz a David "Tu praticaste o mal aos olhos do Senhor". O que fez realmente "é uma obra de morte, não de vida - compreende e pede perdão: 'pequei contra o Senhor', e o Deus misericordioso, que quer a vida e sempre nos perdoa, perdoa-lhe, devolve-lhe a vida; diz-lhe o profeta: ’O Senhor perdoou o teu pecado. Não morrerás'".

O Papa recordou que Deus é acima de tudo misericordioso, "talvez nos pareça como um juiz severo, como alguém que limita nossa liberdade de viver. Mas toda a Escritura nos lembra que Deus é o Vivente, que dá a vida e que indica o caminho da vida plena".

Mas "penso também no dom dos Dez Mandamentos: uma estrada que Deus nos indica para uma vida verdadeiramente livre, para uma vida plena; não são um hino ao 'não' - não deves fazer isto... Não! São um hino ao 'sim' a Deus, ao Amor, à Vida".

Deste modo o Papa colocou um exemplo de misericórdia mesma de Jesus, e lembrou a passagem do Evangelho onde encontra com a mulher pecadora durante um almoço em casa de um fariseu, suscitando o escândalo dos presentes: Jesus deixa-Se tocar por uma pecadora e até lhe perdoa os pecados, dizendo: ‘São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa, pouco ama’".

A pessoa que vive esta experiência "sente-se compreendida, amada, e responde com um gesto de amor, deixa-se tocar pela misericórdia de Deus e obtém o perdão, começa uma vida nova. Deus, o Vivente, é misericordioso. Estais de acordo? Digamo-lo juntos: Deus, o Vivente, é misericordioso! Todos: Deus, o Vivente, é misericordioso. Outra vez: Deus, o Vivente, é misericordioso!", concluiu o Santo Padre.