O Arcebispo Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, apresentou na manhã de hoje no Escritório de Imprensa da Santa Sé a exposição "O Caminho de Pedro", uma iniciativa no marco do Ano da Fé que reúne a 9 países com obras de arte desde o século IV até o século XX.

A exposição será inaugurada nesta quarta-feira, 6 de fevereiro, e estará aberta até o dia 1º de maio. A abertura será feita pelo Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de estado do Vaticano.

Dom Fisichella disse durante a apresentação que "é bom explicar, em primeiro lugar o porquê desta exposição. A fé não é só um compromisso dos crentes. Expressa a necessidade do homem de olhar dentro de si para captar o desejo de Deus gravado no coração de cada pessoa".

"O momento cultural no que vivemos está fortemente caracterizado por movimentos contraditórios. Por um lado, parece que há uma sensação geral de cansaço e indiferença, que também afeta à fé. Como se esta se limitasse a um grupo minoritário de pessoas e já não tivesse nenhum atrativo para os mais jovens".

O Arcebispo disse logo que, por outro lado, "há um entusiasmo excessivo com o progresso científico e as novas formas de vida, como se fossem a solução dos graves problemas atuais. Não raramente, neste caso, chega-se a sustentar que é bom reduzir o espaço da fé aos limites do privado e sem que tenha nenhum efeito social ou cultural".

"Entretanto, é fácil comprovar que ao mesmo tempo não deixa de crescer o desejo de desfrutar da beleza da natureza e as obras de arte".

Dom Fisichella assinalou que "hoje em dia, felizmente, ainda se busca algo mais importante e mais profundo, porque a mente se move pelo desejo de conhecer e admirar (...) por ir em busca de uma contemplação da beleza que não pode ser efêmera porque criou cultura e se prolonga através dos séculos suscitando sempre estupor e maravilha pelo gênio do artista e pelo que este foi capaz de criar movido por sua fé e sua capacidade interpretativa".

"Precisamente para reforçar este desejo e para nos fazer eco da nostalgia de Deus, frequentemente latente em muitas pessoas, decidimos organizar esta exposição como uma viagem através dos séculos para conhecer um dos personagens que sempre interessou aos artistas que tentaram compreender seu mistério e dar-lhe voz".

O Prelado ressaltou que "queríamos narrar ‘O caminho de Pedro’ na arte. Pedro é uma imagem da humanidade que procura e encontra; por desgraça, também é débil e trai e, entretanto, sabe pedir perdão. Movido pelo amor, por uma experiência única e avassaladora, deixa tudo para proclamar ao mundo o mistério da ressurreição de Cristo. Uma verdadeira viagem da fé, sem trégua, e que os artistas souberam captar em muitas obras que testemunham sua beleza".

"Esta exposição é um caminho para crescer na fé, mas também é um desafio para dar-se conta da necessidade de crer como uma resposta à interrogante do sentido que a vida expõe. Ante a obra de arte, crentes e não crentes, têm diferentes reações, mas a beleza expressa chama uns e outros a escutar uma mensagem que pode perceber-se no silêncio da contemplação".

Para concluir, o Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, indicou que "esta é uma das razões pelas que têm pensado que a exposição não devia estar em um lugar caracterizado religiosamente, mas sim em um espaço aberto ao que todos pudessem acessar sem prejuízos, movidos só pelo interesse da arte".

"A verdadeira arte, por outra parte, sabe como desafiar e não deve enfatizar muitas palavras, para evitar o risco de banalizar sua mensagem".