Rosa Maria Payá, filha de Oswaldo Payá, falecido fundador do Movimento Cristão Libertação (MCL), denunciou que “as chamadas eleições à Assembleia Nacional” realizadas ontem em Cuba foram na verdade “um eufemismo”, pois os cidadãos são obrigados a votar por todos os candidatos postos pelo Governo comunista.

Em um artigo publicado em seu site, Payá Acevedo assinalou que enquanto na maioria dos países do mundo “as pessoas vão escolher seus representantes ou dirigentes”, em Cuba “a palavra eleição é só um eufemismo. Uma ironia humilhante, pois as cédulas aqui têm um quadradinho especial para o ‘Voto Unido’, ou seja para votar por todos os candidatos que aparecem na cédula de uma só vez”.

“Na televisão nacional explicam e até aconselham que se vote por todos, que semelhante opção exista é prova suficiente de que não se está realmente escolhendo ninguém, mas a brincadeira não termina aí...”, acrescentou.

Rosa Maria explicou que a lei eleitoral vigente estabelece “um único candidato para cada banco na assembleia” e converte, portanto, as eleições cubanas em “confirmações” dos candidatos do governo castrista. Além disso “os votos em branco som anulados, assim nem há nem mesmo chance de expressar o próprio desacordo”.

“Para ganhar basta que cada candidato alcance a metade mais um dos votos válidos, o qual, devido a este engenhoso sistema, pode ser obtido com o voto de uma só pessoa mesmo que todas as demais tenham votado em branco”, assinalou.

Nesse sentido, rechaçou que algum “um amigo da Revolução” sustente que estes candidatos estão respaldados “pelos delegados que foram escolhidos pelo povo”.

Payá exlicou que em Cuba as comissões de candidatura –dirigidas pelo Governo-, são as que propõem aos candidatos às Assembleias Provinciais e Nacional. “Os delegados do povo só podem aprovar estas propostas, que depois são as mesma únicas opções que aparecem na cédula de voto com o quadradinho dedicado”.

Desta maneira, assinalou, “é o mesmo governo quem escolhe, através de suas comissões de candidatura os membros do parlamento e uma vez aprovados pelos delegados municipais, são constituídos de facto”.

Frente a este eufemismo eleitoral, a filha de Oswaldo Payá recordou que “há quase 10 anos a Assembleia Nacional tem em suas mãos um projeto de lei chamado Projeto Varela, proposto por mais de 25 000 cidadãos, que propõe uma nova lei eleitoral e deve ser aprovado em referendo, para logo realizar eleições livres, pela primeira vez em mais de 60 anos”.

Entretanto, “o governo reprime os líderes do Projeto Varela e não ouve a petição legal de seu povo, com o qual viola suas próprias leis”.

“Resumindo: em Cuba o governo se escolhe a si mesmo uma e outra vez escandalosamente, e os cubanos ainda nos preocupamos com a reforma migratória”, concluiu Rosa Maria Payá.

Mais informação em espanhol: http://rosamariapaya.org/