Em diálogo com a associação “Ajuda à Igreja que Sofre” o Bispo de Mbuji-Mayi, no Congo, Dom Bernard Kasanda, condenou energicamente a situação  que enfrenta em seu país e a reação virtualmente nula da comunidade internacional diante da invasão territorial de Goma por rebeldes do grupo M23. 

Dom Kasanda responde que apesar de que “o fato não era esperado, a situação geral do país nos últimos anos e a cumplicidade de parte da comunidade internacional aceitando Ruanda como parte do conselho de segurança em um momento em que este país já havia sido acusado de graves violações contra a integridade do território da Republica Democrática do Congo dava claros sinais de que em algum momento isto possibilitaria uma invasão dos rebeldes no nordeste do país”. Como razões para a disputa desta região está claramente em primeiro lugar a grande riqueza de petróleo e minerais encontrados no lado nordeste do Congo.

Em relação à possibilidade de que os rebeldes cheguem à região de Kivu, o bispo afirma que a possibilidade  é muito alta “caso a comunidade internacional não decida finalmente reagir e detenha a incursão de uma vez”. 

“O presidente e os capacetes brancos nos repetiam: “não há nada a temer; calma, não vai acontecer nada. E agora que os rebeldes tomaram o leste, não há defesa nem reação da parte deles”.
“Como é possível entender isso?” indagou o bispo.

O bispo de Mbuji-Maji  apela aos meios de comunicação para que falem da situação do Congo.
“Há uma indiferença total. Penso que, em grande parte, isto se deve ao fato de que as pessoas estão pouco ou mal informadas. Não se informa sobre totalidade da situação. Esta informação é filtrada e (os meios) a orientam como querem”, denunciou o prelado.

“A dignidade das pessoas está sendo pisoteada constantemente e isto é uma humilhação vergonhosa para todo o povo congolês”, acrescentou.

Ao final de sua entrevista à fundação “Ajuda à Igreja que Sofre” Dom Kasanda conclui: “Na informação emitida pela imprensa parece que esta é uma situação passageira ou que o conflito é algo tangente, circunstancial, mas não é assim; prejudicou-se algo central, não estão atacando um pé ou uma mão, o que está ferido hoje é o coração  do país.”