A responsável pela seção Mulheres do Pontifício Conselho para os Leigos (PCL), Ana Cristina Villa Betancourt, animou desde o Vaticano a que as mulheres ponham seus dons femininos ao serviço da Igreja, com motivo da recente declaração de Santa Hildegarda de Bingen como nova Doutora da Igreja Universal.

Santa Hildegarda nasceu em Böckelheim (Alemanha), no ano 1098; foi uma religiosa beneditina que se destacou em sua época por cultivar a grande maioria das artes conhecidas em seu tempo. Foi escritora, música e compositora, cosmóloga, artista, dramaturga, curadora, linguista, naturalista, filósofa, poetisa, conselheira política, e além de tudo isso profetisa. Teve numerosas visões místicas reconhecidas pelo Papa.

Em uma entrevista concedida ao grupo ACI, Villa Betancourt alentou "a cultivar o exemplo desta Santa mulher, com um profundo espírito eclesiástico. Alimentando a reflexão e o estudo com a oração e a vida litúrgica e olhando à tradição da teologia e a mística medieval, para que as mulheres possam cultivar a teologia e colocar nossos dons femininos ao serviço da teologia e da Igreja em nosso tempo".

O passado 7 de outubro, Bento XVI colocou a Santa Hildegarda e a São João de Ávila na pequena lista de Doutores da Igreja. Sua contribuição inovadora ao caminho da santidade pela amplitude de seu saber, e sua intervenção nas problemáticas da religião em seu tempo permanecendo sempre fiel à Igreja.

Villa Betancourt recordou que Bento XVI chamou a atenção sobre Santa Hildegarda em numerosas ocasiões, recordando que foi conselheira do Papa e dos bispos de sua época, alentando a imitá-la também nos dias de hoje.

A funcionária do vaticano explicou que o rol da mulher para a Igreja é fundamental e complementar ao do homem, "quando uma mulher está firmemente arraigada no Senhor, e ama ao Senhor e ama a sua Igreja, é escutada, é acolhida. Não há distinção entre homens e mulheres na hora de receber os dons de Deus, e uma Santa mulher pode também trazer a particularidade dos seus dons, da sua maneira de acolher o Espírito Santo para o serviço da Igreja de uma maneira forte", assinalou.

Hildegarda era uma mulher com muitos dons do Espírito Santo, era uma mulher cultivada, mas nunca considerou seus dons como algo próprio e privado, mas sempre os pôs ao serviço de outros. Segundo Bento XVI "nisso mesmo, vê-se a autenticidade do dom que ela recebeu", expressou.

Desde muito pequena, Hildegarda experimentou visões que sentia que vinham de Deus, e assim o comunicou em seus escritos às autoridades de sua época, como São Bernardo de Claraval, ou o Papa Eugenio III. Este último foi quem aprovou e divulgou seus escritos, o que causou que a fama da religiosa se estendesse por toda a Europa.

Para o Ano da Fé, "espero que Santa Hildegarda de Bingen nos ensine a servir e a amar a Igreja com todo nosso ser, com todos nossos dons, com todos os talentos que Deus nos deu, com todo nosso coração, com toda nossa energia, a não nos deixar desanimar pelas coisas que não são bem vistas por todos ou que segundo o que pensamos deveriam ser diferentes, mas continuar amando, continuar nos entregando e fazendo cada um o possível desde o nosso lugar".

"Seu tempo não foi um tempo fácil, havia controvérsias, temores, corrupções, dificuldades, mas ela manteve os olhos fixos no Senhor, manteve seu coração fixo em servir ao Senhor e à Igreja, e se entregou com todo seu ser. Isso é um ânimo, é um modelo para nós que também devemos enfrentar desafios e dificuldades no nosso tempo".

Santa Hildegarda, "é exemplo para todas as mulheres católicas", concluiu.