Paolo Gabriele, ex-mordomo do Papa Bento XVI que roubou e filtrou documentos confidenciais da Santa Sede à imprensa, conhecidos como “vatileaks”, foi sentenciado neste 6 de outubro a um ano e meio da prisão pelo Tribunal de Justiça do Estado de Cidade do Vaticano.

Gabriele foi sentenciado originalmente a três anos, entretanto o tribunal reduziu a pena devido à carência de antecedentes penais do acusado, além “dos resultados do estado de serviço na época precedente aos fatos realizados, o convencimento subjetivo - equivocado - indicado por parte do imputado que motivou sua conduta, assim como também a declaração de ser consciente de ter traído da confiança do Santo Padre".

A sentença também obriga Paolo Gabriele a assumir os custos do processo judicial.

O porta-voz da Santa Sede, Pe. Federico Lombardi, disse à imprensa que o tribunal vaticano indicará posteriormente a modalidade de reclusão à qual Gabriele foi condenado. Também está pendente a possibilidade de que a defesa do ex-mordomo do Papa apresente apele da sentença.

O Pe. Lombardi indicou que o Papa Bento XVI segue de perto o processo, por isso não descartou que possa conceder um indulto pelo furto dos documentos da Santa Sé.

O porta-voz destacou a “plena independência da magistratura vaticana das outras autoridades da Santa Sé” e que a Secretaria de Estado não exerceu “nenhuma pressão nem intervenções para condicionar o processo”.

A surpreendente rapidez do desenvolvimento do processo contra Gabriele deve-se, explicou o Pe. Lombardi a “todos os elementos da investigação formal que entraram no processo penal”.

O porta-voz vaticano recordou também que em pouco tempo terá lugar o processo contra Claudio Sciarpelletti, suposto cúmplice de Gabriele.

Entretanto, o Pe. Lombardi indicou que em base à declaração do ex-mordomo do Papa “não há elementos que provem cumplicidade”, e que esta foi sugerida por algumas circunstâncias particulares.

Precisamente às vésperas da leitura de sua sentença, Gabriele declarou que ao roubar e filtrar os documentos da Santa Sé teve “a convicção de ter atuado exclusivamente por um visceral amor pela Igreja de Cristo e por seu chefe visível”.

“Não me sinto um ladrão”, assegurou o ex membro da família pontifícia.