Faltando pouco menos de 24 horas para as eleições presidenciais na Venezuela, o reitor da Universidade Católica “Cecilio Acosta” da cidade de Maracaibo (Venezuela), Dr. Angel Lombardi, assegurou que “o ambiente é tenso, embora até o momento não tenha havida situações lamentáveis”.

Em declarações recolhidas pela agência católica de ajuda internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o Dr. Lombardi indicou que “muitos prognósticos apontam que nas próximas semanas, especialmente a partir de 7 de Outubro, poderia haver uma verdadeira crise política se o governo manipular ou ignorar os resultados eleitorais”.

Na Venezuela dois grupos políticos pugnam por triunfar neste 7 de outubro nas urnas, o Grande Polo Patriótico (GPP), que apoia a reeleição do presidente Hugo Chávez, e a Mesa da Unidade Democrática (MUD), cujo candidato é Henrique Capriles Radonski, vencedor das eleições primárias de 12 de fevereiro de 2012.

Entretanto, no país desatou-se também uma guerra de pesquisas, algumas que apontam Chávez vencendo com uma pequena margem de superioridade, e outras que mostram que Radonski venceria com a maioria simples dos votos, o que segundo as leis eleitorais da Venezuela é o bastante para eleger um presidente.

O Dr. Lombardi destacou ainda o positivo papel desempenhado pela Igreja em meio à situação, trabalhando pela criação de um clima de participação eleitoral pacífica.

“A Igreja, através da Conferência Episcopal, enfrentou esta tendência, e insistiu desde todos os pontos de vista sobre o fato de que somos uma só nação e assim como compartilhamos um passado e um presente precisamos compartilhar um futuro” disse o reitor.

Por sua parte, o Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa, disse à AIS que os problemas da Venezuela “não são recentes” e “têm causas estruturais muito fortes e muito profundas que deveriam ser resolvidas”.

“Precisamente por isso, nossos documentos foram na linha de assinalar os problemas, as causas e as soluções e convidar todos os líderes dos setores político, econômico, cultural, mediático, etc., a trabalharem juntos para resolver esses problemas”, assegurou o purpurado.

O Arcebispo de capital venezuelana esclareceu também que com estas indicações a Igreja não se opõe ao regime de Hugo Chávez, pois “não é de hoje que os bispos venezuelanos expressamos nossas preocupações, inquietudes, opiniões e ensinamentos sobre os deveres sócio-políticos do país. Temos feito isto há muitíssimo tempo”.

O Cardeal Urosa explicou que este trabalho é realizado pelos bispos “em cumprimento do nosso dever pastoral, como pastores do povo de Deus que devemos velar pelo bem-estar, pela paz, pela convivência do povo de Deus”.

No último 19 de setembro, a Arquidiocese de Caracas exortou o Conselho Nacional Eleitoral a tomar as medidas necessárias “para que as eleições ocorram com todas as garantias de imparcialidade e transparência”.

“Em especial exortamos a Força Armada Nacional Bolivariana a que, cumprindo seu dever constitucional, executem com imparcialidade o Plano República, garantam o respeito aos resultados, e impeçam qualquer transgressão da ordem pública”, pediu a Arquidiocese.

A Conferência Episcopal Venezuelana também realizou um convite aos fiéis a orar pela paz no país, de forma particular através de uma Novena do Terço, realizada entre os dias 28 de setembro até o 6 de outubro, em preparação ao dia de Nossa Senhora do Rosário, 7 de outubro, a mesma data das eleições no país.

Ajuda à Igreja que Sofre apóia ao trabalho pastoral da Igreja na Venezuela e em outros países da América Latina há 50 anos, durante os quais foram realizados dezenas de projetos. Entre eles, constam programas de pastoral familiar, apoio a seminaristas e noviças, bolsas de estudos e ajudas financeiras a sacerdotes e agentes pastorais em todo o território latinoamericano.