O Cardeal Antonio Cañizares, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, asseverou ensta segunda-feira em Santander, Espanha, que o aborto e a crise econômica que a Europa enfrenta têm as mesmas "raízes culturais", e pediu por uma "nova evangelização" no mundo da cultura.

"Estamos diante de uma cultura e de uma maneira de pensar onde nem a pessoa humana, nem sua dignidade são levados em conta, assim como o bem comum, e isso é o que entranha o aborto", afirmou o purpurado durante sua intervenção nos cursos de verão da Universidade Católica de Valência (UCV), que são realizados na cidade de Santander.

O Cardeal espanhol apostou por "gerar uma cultura a favor da vida, na qual os seres humanos com deformações não sejam eliminados".

Ele pediu ainda que o aborto "desapareça" da mentalidade de todos, assim como "ninguém pensa hoje em dia em pedir que volte a escravidão".

"Nós nos envergonharemos do aborto dentro de muito pouco tempo, o que deverá transformar a mentalidade e as leis", assegurou.

O Cardeal Cañizares urgiu os leigos cristãos a "uma nova evangelização" que alcance o mundo da cultura e na qual "a grandeza, a dignidade e a vocação do homem se expressem verdadeiramente".

O Cardeal pronunciou a conferência "Os leigos na evangelização do século XXI', no contexto dos cursos de verão que a Universidade Católica de Valência 'São Vicente Mártir' celebra no Seminário Diocesano de Santander.

Dom Carlos Osoro, Arcebispo de Valência, que falará nesta terça-feira sobre Universidade e Igreja, inaugurou este curso de pensamento cristão.

Em sua intervenção, o Cardeal Cañizares sublinhou que precisamos de "homens que pensem de maneira nova, contracorrente, para que assim a cultura mude".

"Isso é a evangelização da cultura", e que deve realizar-se em Universidades, na família, na escola, no Parlamento, nos meios de comunicação social, entre outros que enumerou o prelado.

Durante sua conferência se referiu em sucessivas ocasiões à urgência de uma "nova evangelização", como se esta fosse "a primeira vez", e fazer aquilo que fizeram os Apóstolos: "sair às ruas e procurar as pessoas".

Neste sentido, manifestou que esta nova evangelização "não é voltar" a um regime de cristandade, mas é uma tarefa que deve ser feita "nas condições de liberdade religiosa e com um ardor novo".

"O mundo necessita de Jesus Cristo e não podemos ficar impassíveis, as pessoas nos pedem que ajudemos", assegurou.

O Cardeal assegurou também que a nova evangelização "depende dos fiéis cristãos leigos", aos quais exortou a participar de um "apostolado individual, associado e público", e, particularmente, no campo da cultura.