O Reitor da Ex-PUCP (Pontifícia Universidade Católica do Peru), Marcial Rubio Correa, "denunciou" que o decreto do Vaticano que despoja a universidade dos títulos de "Pontifícia" e "Católica", persegue um interesse "econômico e de poder. Estes não são interesses espirituais".

Em entrevista concedida à cadeia americana CNN em espanhol sobre o decreto do Vaticano divulgadono último 20 de julho, o reitor da Ex-PUCP disse que "o que persegue este decreto”, é “apropriar-se do controle dos bens da universidade, que não são bens da Igreja, são bens da nossa universidade, registrados devidamente ante as autoridades peruanas".

A entrevista de Rubio foi dada logo que na segunda-feira 23 de julho, a Assembléia Universitária que preside decidiu "deplorar" o decreto do Vaticano e ao mesmo tempo reiterou seu "compromisso" com os valores católicos. Recordamos que a principal razão apresentada pelo Vaticano para a medida foi o fato que os estatutos da universidade peruana jamais foram adequados à Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae do Beato João Paulo II sobre as universidades católicas.

O reitor afirmou que "o que está aqui é em essência uma tentativa da Arquidiocese de Lima de apoderar-se da administração, e portanto do controle dos recursos econômicos da universidade, para assim poder limitar decisões".

Marcial Rubio também tentou desautorizar o decreto da Santa Sé ao assinalar que "o Papa não emitiu nenhuma resolução, esta foi emitida pelo Cardeal Bertone" que é o Secretário de estado do Vaticano, uma figura que poderia assemelhar-se à de um Primeiro ministro.

Rubio disse sobre o Cardeal Bertone que "Ele nos diz que falou com o Papa. Mas o assunto fundamental é que não se pode proibir o uso de um nome internacional de uma universidade de prestígio da noite do 23 para o 24 de julho. Ninguém pode fazer isso".

O reitor não mencionou que o decreto da Santa Sé assinala especificamente que foi emitido "em virtude do mandato de Sua Santidade Bento XVI".

Sobre o uso dos títulos de "Pontifícia" e "Católica" que ficaram proibidos para a Ex-PUCP, o reitor afirma que "em primeiro lugar, este é um nome que a universidade tem desde 1942. Em segundo este lugar é um mundo totalmente integrado onde somos conhecidos como PUCP. Em terceiro lugar nós temos 22 mil alunos que esperam e se lhes ofereceu receber um título em nome da Nação pela PUCP".

“Estamos expondo que este é o nosso nome e vamos utilizá-lo, e provavelmente transitemos para um nome distinto, mas não vamos nos comprometer a mudá-lo amanhã, porque ninguém pode mudar seu nome da noite para o dia", acrescentou.

Em relação à origem do decreto do Vaticano, Marcial Rubio considerou que "o que fez o Cardeal Bertone”.  Pois, “não há cardeal que pressione outro cardeal”.  Segundo o reitor o que o Secretário de estado vaticano fez foi ligar para o arcebispo peruano e dizer-lhe: ‘irmão cardeal (Cipriani), diga-me o que tenho que dizer e eu o emito como decreto vaticano’.
“Isso foi o que aconteceu", disse Rubio.

O entrevistador da CNN interrogou o reitor sobre a não adequação dos estatutos da Ex-PUCP à constituição apostólica Ex-Corde Ecclesiae, que rege a todas as universidades católicas do mundo.  Por sua parte, o reitor da casa de estudos peruana afirmou não há "dissonância alguma" entre os estatutos e o documento vaticano.

Marcial Rubio também se referiu ao apoio recebido do presidente da Assembléia Nacional de Reitores (ANR), Orlando Velásquez, quem afirmou que "para nós o proceder do Vaticano é uma clara agressão ao estado de direito da universidade".

Velásquez disse que a Ex-PUCP pode seguir outorgando os títulos universitários em nome da Nação e registrá-los, como assinala a legislação peruana, ante a ANR.

Rubio disse ainda que "nós não somente temos o apoio do presidente da ANR – que eu agradeço por haver-se pronunciado– mas o apoio da legislação peruana. Nós não vamos propor nenhum conflito. Se houver conflito, é por vontade do Vaticano e do Arcebispo de Lima. Nós queremos a paz porque somos bons católicos".